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Conversas sobre o Vinho - Eveline Borges

Nascida em Cabo-Verde e apenas com 17 anos chega a Portugal a jovem Eveline Borges. Foi já no nosso país que deu início à sua formação académica, tendo ingressado no curso superior de Gestão da Restauração Catering do Instituto Politécnico de Leiria em 2016, tendo sido atribuída o grau de Licenciada em 2019. No decorrer do curso de Gestão, fez o estágio curricular no hotel The Nau Vintage em Lisboa e no hotel Ritz Four Seasons, também em Lisboa, onde teve a oportunidade de trabalhar com o chef Pascal Meynard. Em 2019 faz uma mudança de direção e viaja para Itália onde adquiriu conhecimento do mundo vinícola na Empresa Banfi vintners. Não bastante o diploma adquirido no curso de Gestão, ingressou e completou com sucesso 2 cursos extracurriculares de certificação em vinhos pela Wine & Spirit Education Trust, tendo sido contemplada com o diploma nível 3 em vinhos e nível 1 em Saquê.


Eveline volta a Portugal em 2020, onde passa brevemente pelo Sublime comporta e em 2021 começa o seu percurso no Penha Longa Resort em Sintra, tendo posteriormente ingressado no projeto do Midori em 2022 e aí tem progredido como Sommelier. Um diamante em bruto no que diz respeito a esta área, com apenas 26 anos a Eveline foi das pessoas que mais nos surpreendeu este ano pela sua dedicação e interesse que tem pelo vinho e pela excelente harmonização que nos serviu recentemente no Midori.



1 – Começamos pelo óbvio. Para ti o que é um sommelier / escansão e qual a sua principal função nos dias de hoje?

- Uma Sommelier/ Escanção é responsável não só por criar e manter uma carta de vinhos/Adega de um restaurante, procurando sempre novos produtores e novas ofertas, mas também um “Storyteller”. A ponte entre o produtor e o cliente final.

2 – O que te fez apaixonar por este vasto mundo dos vinhos?

Não posso falar do vinho, sem falar do meu Pai! Desde muito nova sempre incutiu o conhecimento e o saber provar. Talvez aí tenha nascido o bichinho. Posteriormente o estágio em Montalcino no Castello Banfi, onde o contacto com o produto desde a matéria, até à uva e a essência da produção fez-me olhar para o vinho de outra forma. O vinho não como uma garrafa mas sim como o trabalho e história de centenas de pessoas envolvidas.

3 – Eça de Queiroz uma vez disse: “diz-me o que comes, dir-te-ei quem és. Achas fútil ou pretensioso definir uma pessoa não pelo que ela come, mas sim pelo vinho que ela bebe?

Apesar das pessoas diferenciarem-se pelas suas vivências, gostos e culturas, muitas vezes temos fatores externos a nós próprios que limitam essa transcendência. Beber um vinho menos nobre não nos define como tal, nem vice versa.



4 – Vamos fazer um jogo. Em vez de propores o wine pairing perfeito para uma refeição, pensa nos vinhos que mais gostas e que primeiro te vêm à memória para harmonizar os seguintes pratos: Sopa Miso, Nigiri de Toro e Mousse de Yuzu.

- Para a sopa miso, um Granito cru Luís Seabra; para o nigiri de toro, um Sake Tedorigawa Umaika Junmai Daiginjo Koshu e para a mousse de yuzu, um Rolly gassmann Gewurztraminer 2007.

5 – Com tantas castas existentes não só em Portugal mas também pelo mundo fora, para ti qual a que melhor se define como monocasta e qual o blend mais consensual ao palato dos portugueses?

Como monocasta sem dúvida a casta Baga, pelo seu potencial e sua personalidade incomparável. O blend tradicional da região do douro com as castas tinta Roriz, touriga nacional e touriga franca é sempre uma escolha acertada.

6 – Cada vez mais aparecem pessoas interessadas no vinho mas com um conhecimento muito reduzido. Que cursos ou livros recomendas fazer e ler para se adquirir não só conhecimento mas acima de tudo cimentar o gosto por este néctar dos deuses?

- Se o foco for adquirir conhecimento das regiões clássicas do vinho no mundo, a Wine & Spirit Education Trust (Wset) é uma instituição que fornece qualificações reconhecidas globalmente em vinhos, sakes e espirituosos.
Numa ótica mais de consolidar conhecimentos, temos disponíveis uma vasta panóplia de blogs e canais de Youtube sobre diversos temas. Posso salientar o Master of Wine Konstantin Baun e o Marter Sommelier Stefan Neumann.



7 – Vamos às perguntas de resposta rápida:

- Qual o teu vinho nacional favorito e com o que é que o acompanhas?

Chryseia Prats & Symington com um Cabrito assado

- Qual o teu vinho internacional favorito e com o que é que o acompanhas?

Chablis Grand Cru Les Clos com Caldeirada de peixe

- Qual a tua região vínica nacional favorita e porque?

Bairrada, uma região com uma grande personalidade e com produções de grande qualidade que falam por si.

- Que vinho bebeste e que infelizmente já não voltarás a beber?

Castello Banfi Brunello di montalcino 1995.



8 – Para terminar pedimos-te que nos indiques quais são os vinhos que temos de ter sempre em casa nos seguintes escalões de preço:

Até 5€: Casa da Passarella A Descoberta Tinto;

Até 10€ : Monólogo Avesso p67;

Até 25€: Quinta de Sant´Ana Riesling;

Até 50€: Quinta de Lemos Dona Georgina.