Poucas são as pessoas que não apreciam a gastronomia italiana. Sobre uma regra simples de menos é mais, esta cozinha baseia-se na qualidade do produto e não na quantidade dos mesmos em cada prato. "Pastas" de qualidade eximia; doçura, acidez e tempero tudo em perfeita sintonia que nos fica na Memória.
A qualidade da comida de antigamente num espaço onde se recordam sabores de infância e se criam novas memórias em redor da mesa. É assim o Memoria. "Queremos recriar vivências passadas, não apenas no que diz respeito aos pratos, mas também ao ambiente. Um dos nossos objectivos é que quem aqui venha tenha a sensação de já aqui ter estado", explica um dos responsáveis. O Memoria é um restaurante que nos faz relembrar outros tempos, de uma casa que foi nossa, da comida cuidada por quem nos cuidava. É um restaurante que é uma segunda casa. Uma segunda casa onde se partilham memórias, onde se discute em redor da mesa, onde a pressa é substituída por longas conversas e por pratos que respeitam a tradição. O Memoria celebra o passado num espaço que todos vamos querer recordar no futuro. E fá-lo recuperando pratos ancestrais da gastronomia italiana.
Centro nevrálgico de todas as autênticas casas italianas, a cozinha ocupa um lugar de destaque, e é com ela que nos deparamos assim que entramos pela porta. Na sala, cujo design de interiores foi desenvolvido por Inês Moura, imperam os tons neutros e a crueza dos mármores, em contraste com os candeeiros vermelhos que acentuam a elegância e intemporalidade do espaço. Nas traseiras, o restaurante conta ainda com duas zonas de esplanada prontas para receber o Verão e os finais de tarde, ou onde com a ajuda dos aquecedores, podemos degustar uma refeição ao ar livre.
Italiano que se preze não dispensa o momento "Apperitivo" e para isso o bar a cargo de Frederico Weinstein apresenta além dos clássicos spritz e bitters, uma carta de cocktails de autor bastante equilibrados e cheios de sabor. Shrubs e xaropes caseiros que usam os produtos da horta que o grupo Non Basta possui. Destilados de topo que envolvem tudo o resto em perfeita harmonia e que nos chegam aos copos devidamente bem apresentados e prontos a degustar. De destacar o Pietro Negroni e o Pesca del Sud que usa medronho como destilado, pêssego como elemento frutado e malagueta que lhe dá um kick extra. Melhor disto tudo é que têm happy hour onde todos os cocktails têm um preço reduzido.
Na cozinha o repasto cumpre a sazonalidade e em muitos casos a partilha. Pratos que se comem sozinhos ou em companhia. A pensar nas famílias, há pratos que podem ser pedidos em doses suficientes para três pessoas (e que são por isso servidos à mesa em travessas): o Linguini neri alla pescatore e o Spaghetti al pomodoro e burrata são exemplos disso mesmo. Outra das apostas são os produtos de referência provenientes de várias regiões de Itália, que vêm complementar a oferta de antipasti e saladas. De Parma vem o afamado Parmigiano reggiano com 24 meses de cura. O Lady Capra, um queijo de cabra azul que tem um sabor suave e cremoso, a Stracciatella, retirada do coração da burrata, e o Prosciutto San Daniele são outras das alternativas.
Tal como acontece nos Pasta Non Basta, os clássicos são feitos a preceito: os incontornáveis Spaghetti alla carbonara, Lasagna della nonna e pizza Diavola dividem as atenções com os não menos consensuais Spaghettoni al tartufo, Spaghetti alle vongole ou pizza Margherita. Mas há também opções menos comuns que prometem deixar rendidos os mais conhecedores da gastronomia italiana, como é o caso do Pappardelle al Ragu di coniglio, um estufado de coelho cozinhado lentamente, ou dos Ravioli com Piselli e Pancetta.
"Lembrar é fácil para quem tem memória. Esquecer é difícil para quem tem coração." A frase de William Shakespeare, inscrita no menu, pode bem ser aplicada à comida que aqui se prova e que dificilmente será esquecida por quem vê no Memoria menos um restaurante e mais uma segunda casa.
Bom apetite.