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Planto - O all day open que Lisboa precisava.

Perto do Cais do Sodré, e enquadrado pelo edifício que viu nascer João Villaret, o número 69-A da Rua da Boavista é a morada do Planto, inaugurado em Agosto de 2022. Aqui encontramos um chefe de cozinha transmontano, um espaço lisboeta forrado a verde com esplanada virada para a cidade, um bar de pedra de oito metros de onde saem cocktails a (quase) todas as horas de todos os dias e um menu com inspiração do mundo, pensado para acompanhar da melhor forma, dia e noite, no prato, aquilo que segue nos copos.


A unir cada uma destas partes, está aquilo que é a raiz do Planto: o produto de excelência, predominantemente nacional e maioritariamente - mas não exclusivamente - vegetal. A atenção ao produto é, afinal, a matriz da cozinha do chef Vítor Adão que, depois do PLANO, na Graça, decidiu abrir o Planto com o objectivo de levar, para o Cais do Sodré, os mesmos ingredientes de alta qualidade, mas com uma abordagem totalmente distinta, longe do conceito de fine dining, e capaz de ser transposta para um bar em perfeita sintonia com a cozinha. Com ele trouxe o chef Mateus Freire que já tinha na bagagem casas como o Faz Frio no Principe Real ou o Osso Bento em São Bento, sendo este o chef executivo.


Com uma oferta gastronómica simples mas bastante acima da média na zona, o Planto serve pequeno-almoço, brunch, snacks, pratos principais e sobremesas, com a carta de bar disponível todos os dias das 9h à 1h da manhã, criada pelo premiado bartender ucraniano Konstantin Gutnik, que é sem dúvida das melhores e maiores surpresas a nivel de bar em Lisboa. Sem a mesma geografia sentimental do chef nascido numa aldeia de Trás-os-Montes, é certo, o protagonismo, aqui, mantém-se nas frutas, ervas e especiarias com que Konstantin desenha cada cocktail do menu, incluindo criações de autor com sabores internacionais, cocktails inspirados no mundo vegetal e clássicos de sempre - com o devido twist e em sintonia com a cozinha para uma harmonização perfeita estilo Gastrobar.


Fomos um dia ao final da tarde e as propostas são mais que muitas. Destacamos sem dúvidas nenhumas os rissois de berbigão iguais aos que se comem no PLANO que são na nossa humilde opinião os melhores de Lisboa; a katsu sando de presa ibérica com sunomono de couve coração e mostarde, que dentada após dentada vai melhorando; o caril de gambas que também tem a sua versão vegetariana e a pavlova de frutos vermelhos que mesmo não sendo grandes fãs de doces encantou-nos do inicio até ao lamber o prato. Mas atenção, estes foi os que mais nos marcaram. Contudo, tudo o que nos foi servido estava realmente bem preparado e marcava pela diferença. Por exemplo, o pica pau vinham servidos com pickle de morango caseiros que surpreendentemente não só o pickle de morango é incrível, como a combinação dos dois produtos faz um prato delicioso. Enfim, o ideal é ir e voltar as vezes necessárias para se provar tudo.


Quanto ao bar a surpresa não podia ser maior. Konstantin Gutnik é sem duvida uma "hidden gem" na industria de bar no nosso país. As qualidades e capacidade de pensar e criar bebidas de raiz é muito acima da média e por isso conquistou prémios na sua terra natal, a Ucrânia. Feitas no momento ou utilizando os batchs que também são preparados por ele no local, da sua barra saem criações de beber e chorar por mais. O maior destaque é para o seu Bloody Mary que mais uma vez dizemos ser o melhor de Lisboa.


“Olhámos para a oferta em Lisboa, e percebemos que havia espaço para um conceito diferente, um ‘bar aberto todo o dia, mas com excelente comida’. De facto, a ideia para este projeto parte, de certa forma, daí: porque não trabalhar os excelentes produtos que já usava no Plano, mas de uma forma mais simples e com técnicas menos elaboradas. E porque não estender a oferta a legumes, vegetais e frutas, fazendo um restaurante de base mais vegetal, mas sem ser vegetariano? O Planto surge deste exercício”, afirma Vítor Adão, chef do Planto. E sem duvida Vitor, o Planto é isto e muito mais.

Bom apetite.