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Mattë - A boa matéria prima trabalhada por quem sabe.

Nos últimos anos o que felizmente não tem faltado na cidade de Lisboa são bons restaurantes de sushi e bons restaurantes de carne. Mas até então ou tínhamos uma coisa, ou tínhamos outra. Durante dois anos, Gustavo Neves, um jovem empreendedor de apenas 24 anos viajou pelo mundo para conhecer não só o que de melhor se comia, mas também para ver como os atuais restaurantes que tanto admira se encontravam "vestidos". Regressado a Portugal e com o tudo definido, deu luz ao seu projeto Mattë, um fine dining com duas cozinhas independentes onde podemos degustar um sushi com um produto de qualidade eximia, ou uma carne maturada "in loco" e cozinhada no forno Josper.


Foi na zona de Santos que o Mattë ganhou vida, mais precisamente no número 22 da Calçada Marquês de Abrantes. De decoração leve e elegante, os mármores estão evidenciados e a gigante gaiola dourada onde se sentam até 10 pessoas não passa despercebida a ninguém. As duas cozinhas destacam-se pela matéria prima presente e a sua confeção. Apenas nas mesas da sala é possível comer ora sushi, ora carnes.


Na cozinha de sushi existe um balcão no qual se poderá sentar e usufruir de um menu onde ficamos nas mãos do chefe. Omakase são as propostas com 9 ou 12 momentos que o chefe nos serve, tudo de acordo com o que tem à sua disposição. Peixes e cortes de primeira, com principal destaque para o caranguejo real, os ouriços e o caviar, tudo composto e criado em sintonia com as melhores técnicas e ingredientes. O chefe fez o seu percurso trabalhando inicialmente no espaço Yakuza, seguindo-se o Hikidashi onde trabalhou diretamente com um dos melhores em Portugal nesta área, o chef Agnaldo Ferreira. Atualmente desempenha as funções de sushiman no Mattë, dando asas às sua criatividade mas respeitando sempre o produto e todo o ritual do sushi.



Na cozinha de autor, o destaque vai para as carnes maturadas no próprio espaço e cozinhada no Josper, aquele forno que todos gostaríamos de ter em casa. As opções podem ser à peça ou ao quilo, contudo tanto de uma forma como de outra as doses são bastante generosas e convidam à partilha. Sem grandes segredos mas com muita técnica o jovem chefe também se inspira na gastronomia que gosta e em viagens que fez, Facilmente conseguimos identificar toques asiáticos na sua cozinha o que é perfeito para fazer a ligação com o sushi da outra cozinha.



Mas passemos à mesa que a fome começa a apertar. Devidamente bem recebidos e com direito a uma breve explicação em que consiste o espaço e como podemos usufruir ao máximo do mesmo fomos levados à mesa onde as ementas estão disponíveis através dos atualmente habituais "qr code". Começámos por provar a carta de bar onde um Royal Matte com champagne e um Nuclear Daiquiri com chartreuse nos são servidos. Equilíbrio e frescura liquida para arrancarmos em beleza com a refeição.



Chega à mesa um Carpaccio de Hamachi. Lírio laminado e marinado em molho ponzu, yuzu e raspas de trufa levemente adornado por vieiras também elas laminadas. Tempero no ponto com destaque especial para o Lírio cuja qualidade não faz com que se perca nos sabores da marinada, enaltecendo o mesmo. É-nos também apresentado um temaki desconstruído nos quais somos convidados a usar as mãos para o comer. A alga crocante, o atum picado, a vieira laminada, o ovo de coderniz, as ovas e a lâmina de trufa compõem o snack que entrou diretamente para o TOP 3 do que melhor se come à mão por Lisboa.



Na cozinha de autor a conversa é outra. Mantendo sempre a qualidade do produto e a sua confeção o primeiro snack a chegar é o croquete de rabo de boi. Tamanho generoso dá perfeitamente para ser partilhado, mas acreditem quando vos dizemos que vão querer comê-lo sozinho. Fritura no ponto e um recheio aveludado que se espalha ao abrir, envolto num aioli de pimentos fumados e picles de chalota. É de comer e chorar por mais. De sabor mais intenso mas também muito guloso é a Provoleta assada com micro-vegetais e raspas de limão. Este queijo ganha uma vida extra após ser confecionado no Josper e polvilhado com o limão. Um verdadeiro mimo pata as nossas papilas gustativas. No copo fomos brindados com um Monte da Peceguina Tinto 2017 que nos acompanhou pelo resto da refeição.



Para rematar em perfeição a parte salgada da refeição, chegou à mesa uma presa de porco preto numa marinada coreana, guarnecida com corações de alface grelhados com molho tukatsu. Carne no ponto certo, marinada que não abafa o sabor da mesma e uma guarnição que nos obriga a fazer o que os portugueses mais gostam, passar a mesma no prato até que não haja mais molho. Os doces foram o culminar em beleza de uma refeição que nos surpreendeu do primeiro ao ultimo momento.


Com uma oferta bastante variada e um serviço de excelência, o Mattë é sem sombra de dúvidas um restaurante obrigatório. Pessoas que sabem o que fazem e têm gosto em fazê-lo. Não se encontram vedetas, apenas bons profissionais que nos proporcionam uma ótima experiência durante toda a refeição. O valor médio de refeição ronda os 30€ por pessoa com vinho a copo, podendo ir até aos 50€ por pessoa mas já com as duas cozinhas e uma garrafa de vinho incluída. Durante a semana tem também disponível menus de almoço que vão dos 18 aos 25€ sem bebida por pessoa. Podem e devem fazer a vossa marcação para o 914 682 234. O restaurante cumpre com todas as normas de higiene e segurança impostas pela DGS devido à pandemia do Covid-19.