Pages

Conversas sobre o Vinho - Vasilii Grebencea

Porque o vinho é um mundo, o mundo também é do vinho. Vasilii chegou a Portugal em 2009 e nunca mais de cá saiu. Até 2018 esteve pela invicta e só depois se mudou para a nossa Lisboa. No Porto trabalhou em vários restaurantes onde começou a ganhar o gosto que hoje em dia tem pelo néctar de Baco. De 2015 a 20187 trabalhou na Portologia onde adquiriu muito conhecimento sobre o Vinho do Porto. Foi também em 2018, já em Lisboa que conclui com êxito o WSET.


Trabalhou como guia e wine educator em russo, inglês e francês, até que em 2021 abraçou o projeto do BAHR, liderado na cozinha por Nuno Mendes e orquestrada por Bruno Rocha. Elemento chave da equipa, é dele que surgem as propostas mais inusitadas e surpreendentes para acompanhar pratos que já são ícones na nossa cidade.


1 – Começamos pelo óbvio. Para ti o que é um sommelier / escansão e qual a sua principal função nos dias de hoje?

Um escanção, denominação que aprecio bastante, é nada mais que o elo de ligação entre a cozinha e a sala de um restaurante. Ligação essa que é, cada vez mais, indispensável para o mérito e reconhecimento do mesmo.
Diria que o escanção dá alma às salas com as histórias em cada rótulo ou em cada combinação improvável que se atreve a dar a provar. É o tempero essencial do prato que é a experiência gastronómica de visitar um restaurante.

2 – O que te fez apaixonar por este vasto mundo dos vinhos?

Foi por curiosidade que me apaixonei por este mundo dos vinhos. Corria o ano de 2014 quando trabalhava num restaurante no centro do Porto cujo dono, além de muito entendido na cultura vínica, tinha gosto em contar aos comensais a história do melhor que se fazia em Portugal a partir das uvas. O gosto nasceu destas conversas que tanto admirava e que me fizeram começar a pesquisar, a ler, a analisar e a conversar sobre o vinho e a sua importância. A admiração virou paixão e em 2015 já era wine educator no projecto Portologia, onde se partilhava a história do vinho do Porto junto dos que nos visitavam.

3 – Eça de Queiroz uma vez disse: “diz-me o que comes, dir-te-ei quem és. Achas fútil ou pretensioso definir uma pessoa não pelo que ela come, mas sim pelo vinho que ela bebe?

Acredito que o vinho que uma pessoa bebe pode dizer muito sobre os seus gostos. Para mim, não é apenas o que comemos que nos define, mas também o que apreciamos beber.


4 – Vamos fazer um jogo. Em vez de propores o wine pairing perfeito para uma refeição, pensa nos vinhos que mais gostas e que primeiro te vêm à memória para harmonizar os seguintes pratos: percebes, rissóis de pescada, e panna cotta .

Para os percebes, um Arinto de Bucelas; para os rissóis de pescada, um branco meio-seco de casta Azale para a panna cotta, um Porto LBV.

5 – Com tantas castas existentes não só em Portugal mas também pelo mundo fora, para ti qual a que melhor se define como monocasta e qual o blend mais consensual ao palato dos portugueses?

Na minha opinião diria que a casta que melhor se define enquanto monocasta seria a Riesling. É uma casta branca, quase perfeita, que origina desde espumantes até ice wines, todos eles fabulosos quando trabalhados com mestria.
Penso que um dos blends mais apreciado pelo palato dos Portugueses é o tinto duriense.

6 – Cada vez mais aparecem pessoas interessadas no vinho mas com um conhecimento muito reduzido. Que cursos ou livros recomendas fazer e ler para se adquirir não só conhecimento mas acima de tudo cimentar o gosto por este néctar dos deuses?

Há um livro que adoro e que tenho sempre em casa - Wine Folly. Apesar de ser um livro básico, recomendo vivamente a todos os interessados e entendidos na matéria vínica, bem como os cursos do Manuel Moreira, que também são uma boa ferramenta para cimentar o gosto pelo vinho.


7 – Vamos às perguntas de resposta rápida:

- Qual o teu vinho nacional favorito e com o que é que o acompanhas?

Um bom Baga da Bairrada, com alguma idade, a acompanhar um risotto de ossobuco com cogumelos.

- Qual o teu vinho internacional favorito e com o que é que o acompanhas?

Riesling Trockenbeerenauslese com 15-20 anos, de garrafa. O vinho em si já é uma delícia, dispensaria o acompanhamento!

- Qual a tua região vínica nacional favorita e porquê?

Douro. Sem ser muito viajado ou ter explorado muitas regiões no mundo, acredito que o Douro é o melhor que uma pessoa pode vivenciar, mesmo não gostando de vinho. É uma região incrível com história, vinhos grandiosos e gente de bom coração.

- Que vinho bebeste e que infelizmente já não voltarás a beber?

Porto “Vintage” unofficial da Sandeman de 1993.


8 – Para terminar pedimos-te que nos indiques quais são os vinhos que temos de ter sempre em casa nos seguintes escalões de preço:

Até 5€: Lavradores de Feitoria branco;

Até 10€: Cortinha Velha Reserva Alvarinho;

Até 25€: Mono C de Luís Seabra;

Até 50€: Vinho da Madeira Henriques e Henriques Verdelho 15 anos;