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Sinkane/Ady Suleiman/Helado Negro/Michael Kiwanuka/Orville Peck/Marissa Nadler/Jordan Mackampa e Slow J no Super Bock em Stock.

Depois das férias, setembro é o mês de organizar as agendas e há dois dias que têm de ficar já guardados: 22 e 23 de novembro. O Super Bock em Stock está de regresso e traz alguma da melhor música nova, distribuída pelos vários palcos espalhados pela Avenida da Liberdad e, em Lisboa . A paisagem urbana da capital é o cenário ideal para ficar a conhecer algumas das propostas mais interessantes da atualidade, algumas delas cheias de soul e de ginga e que são as mais recentes confirmações do cartaz desta edição: Sinkane, Ady Suleiman, Helado Negro, Michael Kiwanuka, Orville Peck, Marissa Nadler, Jordan Mackampa e por último Slow J.


Ahmed Gallab é simplesmente Sinkane para o mundo da música. Apesar de ter nascido em Londres, Gallab viveu no Sudão durante vários anos, um facto que acabaria por influenciar a sua música anos mais tarde. Em maio de 2008 editou o primeiro EP: "Color Voice". No mesmo ano também fez estrada enquanto baterista, a acompanhar nomes como Caribou e Of Montreal. Um ano mais tarde, editou um disco homónimo, o que lhe permitiu chamar a atenção da DFA - uma editora à medida da sua música. Foi aí que o nível subiu, como ficou evidente nos discos que se seguiram. Em 2012, "Mars", e em 2014, "Mean Love". Por esta altura, o mundo indie já estava de olhos postos em Sinkane, mas o músico continuou o seu caminho marcado pela genuína vontade de fazer coisas com valor artístico, com projetos paralelos como a Atomic Bomb! Band, uma banda de world music dedicada ao mestre do funk William Onyeabor. Depois de "Life & Livin 'It", editado em 2017, Sinkane regressou aos discos em 2019, com "Dépaysé", um registo de autodescoberta com fôlego para ir a temas como a imigração. O seu estilo eclético, cozinhado com free jazz, afrobeat, shoegaze e até reggae, vai combinar na perfeição com a atmosfera vivida no Super Bock em Stock. O encontro fica marcado para novembro. 



Ady Suleiman , nascido e criado na histórica cidade de Grantham, Inglaterra, é um exemplo da sorte que é nascer numa casa com muita música. A coleção de discos do pai era generosa, influenciou-o desde muito cedo e teve nomes como Jimi Hendrix a exercer um enorme fascínio sobre a personalidade do jovem Ady. Não demorou muito até que a sua sensibilidade artística se estabelecesse em territórios como o r&b, o jazz, o reggae e a soul. Com apenas 14 anos já escrevia as suas próprias canções e os concertos vieram logo a seguir, na Universidade de Liverpool. Mas a decisão de levar a música mais a sério só surgiu depois de terminar os estudos, depois de perceber que havia uma cena soul a fervilhar bem perto de si. O sucesso de Ady começou por ser local, mas rapidamente eclodiu depois de vencer o Breakthrough Act of the Year nos Worldwide Awards de Gilles Peterson. Uma das consequências mais imediatas desse prémio foi assinar pela Sony, que colocou cá fora alguns dos seus singles e EPs. Pouco depois, Ady começou a sofrer de depressão e ansiedade, problemas que viriam a influenciar as suas letras, cada vez mais francas e à flor da pele. Essa e outras experiências pessoais são precisamente a base do seu disco de estreia, "Memories", editado em 2018, produzido pelo próprio com a ajuda preciosa de nomes como Eric Appapolay e Grades. "Strange Roses" é um dos seus últimos singles de sucesso e é, certamente, um dos temas que vai conquistar o público do Super Bock em Stock. 


Roberto Carlos Lange nasceu na Florida, em 1980. Filho de pais equatorianos, o jovem Lange cresceu a ouvir música eletrónica de Miami. Mais tarde estudou arte na Savannah College of Art and Design e foi mais ou menos nessa altura que a música começou a aparecer na sua vida com mais força, depois de também ter estudado design de som e programas de áudio. No início dos anos 2000 começou a gravar as primeiras canções, com assinaturas diferentes (ROM, Epstein, Boom & Birds). Depois de se mudar para Brooklyn, a produtividade continuou em alta, desta feita em colaboração com Guillermo Scott Herren. Depois disto, chegados a 2009, não se pode dizer que Lange fosse um estreante quando se apresentou com a assinatura Helado Negro - estava preparado para mais um capítulo da sua própria história. O primeiro disco enquanto Helado Negro, "Awe Owe", editado em 2009, foi marcado pela mistura de elementos: jazz, folk, eletrónica e as suas influências latinas. A proposta era original e o público de Helado Negro foi crescendo, principalmente depois da edição dos discos "Double Youth" (2014) e "Private Energy" (2016), graças a temas tão cativantes como "Young, Latin and Proud" e "It's My Brown Skin". Em 2019 regressou aos discos com "This is How You Smile". Entre versos bilíngues sobre a infância e os pais imigrantes, e arranjos cada vez mais sofisticados, Helado apresenta-se mais acessível (sem facilitar) e também um pouco mais melancólico, a combinar com o outono lisboeta que acolhe o Super Bock em Stock.


Michael Kiwanuka nasceu em Muswell, Londres, no ano de 1987, depois de os pais terem fugido do Uganda, forçados pelo regime de Idi Amin. As primeiras paixões musicais foram suscitadas pelo rock, com Radiohead e Nirvana à cabeça. Quando é assim, criar uma banda de covers é quase sempre o passo seguinte na sintomatologia do jovem apaixonado, e foi mesmo isso que Michael Kiwanuka fez, quando estudava jazz na Royal Academy Music e música pop na Universidade de Westminster. O seu talento começava a dar nas vistas e um dos primeiros a reparar nisso foi Paul Butler (The Bees), que o incentivou a gravar as primeiras canções. Pouco depois assinava com a editora Communion (Mumford & Sons) e editava os EPs "Tell Me a Tale" e "I'm Getting Ready". Por esta altura, o nome de Michael Kiwanuka já estava no mapa dos melómanos – e a liderança no BBC Sound Of 2012 foi a materialização dessa crescente expectativa. O primeiro disco chegaria em 2012, precisamente. "Home Again" foi um sucesso comercial e artístico, entrando para os tops e tendo sido nomeado para um Mercury Prize. Michael correu o mundo, mas em 2015 estava na altura de voltar ao estúdio. "Love & Hate" saiu em 2016, com o selo de qualidade da produção de Danger Mouse. Com este segundo registo, Michael Kiwanuka quis arriscar um pouco mais, experimentou, mas isso não afetou as vendas – pelo contrário, o disco assumiu a liderança nos tops em Inglaterra. A influência de vozes como as de Van Morrison ou Curtis Mayfield são óbvias, mas Michael Kiwanuka tem conseguido desenvolver uma linguagem muito própria, numa mistura audaciosa de folk, indie rock e r&b. Em 2019, editou mais um single de sucesso: "Money", com Tom Misch. O seu terceiro disco, um homónimo, de novo produzido por Danger Mouse, chega em outubro de 2019. A escrita está mais apurada do que nunca e o público português terá aproximadamente um mês para ensaiar essas novas canções. Michael Kiwanuka vem a Portugal apresentar esse seu "Kiwanuka", em novembro, no Super Bock em Stock.


Orville Peck é um dos fenómenos da música indie de 2019, mas ainda pouco se sabe sobre a sua identidade. Este cowboy foragido – uma definição do próprio – prefere que seja a música a brilhar, mantendo assim uma aura de mistério à sua volta. Sabe-se, no entanto, que Orville já viveu em várias cidades e viajou um pouco por todo o mundo graças ao seu passado no punk. Influenciado por Merle Haggard, Willie Nelson, Loretta Lynn ou Dolly Parton, este "cowboy" consegue integrar várias músicas dentro da sua própria linguagem. Percebeu que o country era uma dessas músicas aquando do lançamento do tema "Dead of Night", em 2017. Nessa altura anunciou uma série de duetos, "Orville and Friends", com nomes como King Tuff, Jen Calvin, Mesh Way ou Mac DeMarco. Em janeiro deste ano assinou pela Sub Pop e anunciou o lançamento do seu disco de estreia. "Pony" foi antecipado pelos singles "Dead Of Night" e "Turn To Hate", com vídeos a acompanhar, inspirados em David Lynch. "Pony" já é um dos discos do ano, graças à sua fusão de elementos góticos, com shoegaze, indie rock e a música country dos anos 50 e 60. Nos espetáculos ao vivo apresenta-se com uma máscara, não deixa a pele de cowboy enigmático, mas faz-se notar ainda mais pela sua voz forte e melodramática, criando uma atmosfera tão cinematográfica como no disco. Em novembro estará em Portugal, no Super Bock em Stock.


Basta ouvir Jordan Mackampa durante alguns segundos para não se ter dúvidas de que se está diante de umas das vozes mais poderosas da atualidade. Criado em Conventry, em Inglaterra, Jordan consegue colocar as suas raízes congolesas ao serviço da música, sem nunca perder uma certa atmosfera britânica. O amor que a sua mãe sentia por vozes clássicas como as de Marvin Gaye, Bill Withers ou Curtis Mayfield acabaria por influenciar o destino do jovem, desde sempre dedicado à música, cantando em todas as ocasiões e em toda a parte. Em 2016, editou o seu primeiro EP, "Physics", uma coleção de canções sobre saudade e perda, temperadas com blues, folk e, claro, muita soul. Os temas envolventes desse primeiro EP tiveram seguimento em "Tales from the Broken", um outro EP editado em 2017, mais sombrio e maduro. Ao longo destes últimos anos, Jordan tem recebido elogios de publicações como NME, Wonderland, Clash, Mahogany e The Line of Best Fit, alcançou mais de 30 milhões de audições nas plataformas de streaming e atuou para milhares de pessoas. Podemos esperar músicas novas muito em breve e também um concerto imperdível, na primeira visita do cantor a Portugal, no Super Bock em Stock.


Criada numa pequena cidade em Massachusetts, nos EUA, Marissa Nadler começou por se apaixonar pela pintura. A música chegaria um pouco mais tarde, mas ainda a tempo de disputar o coração de Marissa. Começou a escrever as primeiras canções e lançou-se ao desafio do estúdio, com a edição do primeiro disco em 2004: "Ballads of Living and Dying". O segundo disco, "The Saga of Mayflower May", foi editado logo um ano depois. Eram registos despidos de produção, num formato acústico e reduzido ao essencial. A cada um, Marissa parecia acrescentar mais um pouco à sua arte e em "Songs III: Bird on the Water", o seu terceiro disco, já podemos ouvir alguns outros elementos, como sintetizadores, harpa e uma série de novos instrumentos. O som de Marissa Nadler cresceu definitivamente em "Little Hells", um disco editado em 2009 e com mais rock do que nos discos anteriores. Quando se fala em crescimento, no caso de Marissa, não se está a falar de aparato desnecessário, mas da utilização de certos recursos que estão sempre ao serviço daquilo que é mais importante: as canções. A cantautora norte-americana manteve o foco e continuou a editar: "Marissa Nadler" (2011), "July" (2014), "Strangers" (2016) e "For My Crimes" (2018) serviram para consolidar Marissa como uma das artistas mais interessantes da cena indie norte-americana, dona de uma linguagem própria, onde há folk, dream pop e uma série de outras influências. Este último trabalho, "For My Crimes", medita sobre a dificuldade de levar uma relação a bom porto, mesmo quando o amor está lá. A voz e a escrita de Marissa estão no ponto, e os portugueses têm a sorte de poder vê-la ao vivo, já no próximo Super Bock em Stock.


O segundo álbum de Slow J é uma narrativa musical extremamente íntima e autobiográfica que dá a conhecer a labiríntica jornada interior de um ser humano que procura simplesmente ser ele próprio e ser feliz. Inspirada nas experiências reais da vida de J, esta obra foi concebida para converter energia negativa provocada pela fama e pela culpa em sucesso privado e aceitação – uma busca por perdão próprio, entre o ruído e o silêncio. "You Are Forgiven" fala tanto aos jovens como aos adultos, convidando todos a não pararem de sonhar e a não deixarem que a ideia de sucesso aos olhos dos outros limite a própria procura pela felicidade. Nas palavras do próprio: "ir de viver a vida em que eu devia ser feliz, para viver a vida em que eu sou feliz simplesmente, independentemente da ideia de sucesso dos outros". Sob a produção executiva do próprio Slow J e de Tomás Martins (Sente Isto), o álbum "You Are Forgiven" é fruto de uma colaboração orgânica de vários artistas, músicos e produtores, dos quais se destacam Sara Tavares, Papillon, Francis Dale, GSon, Nuno Cacho, Bernardo Cruz, Charlie Beats e Fumaxa, sendo este último presença assídua na produção e gravação de vários temas. João Coelho nasceu em Setúbal, filho de mãe portuguesa e pai angolano. Fez-se Slow J para a música, aberto a todas essas influências. Durante a infância e a adolescência andou de um lado para o outro, dentro e fora de Portugal, convocando várias culturas para a sua identidade. Nessas viagens, a música sempre foi a companheira de eleição. Depois de descobrir a sua paixão pela guitarra e pelo Fruity Loops, voou para Londres para estudar engenharia de som. Nesse período produziu obsessivamente e esperou pelo regresso a Portugal e pelo encontro com o estúdio de gravação. Entre estúdios profissionais, guesthouses e o quarto em casa dos pais, João produziu, escreveu e interpretou os seus dois primeiros registos: "The Free Food Tape", o EP que o colocou no mapa, e "The Art Of Slowing Down", o seu primeiro disco, um dos melhores discos portugueses dos últimos anos. Passados dois anos, 2019 é a melhor altura para mais um passo, um passo firme chamado "You Are Forgiven". E será difícil perdoar quem não estiver no próximo Super Bock em Stock para ficar a conhecer as novas canções de "You Are Forgiven", o novo disco de Slow J.

O bilhete único válido para os dois dias do Festival encontra-se já à venda nos locais habituais, pelo preço de 45€, passando para 50€ nos dias do Festival.