Lisboa, oito da noite. Chegamos ao Maxime e apressamo-nos para levantar os bilhetes para o show. Já há pessoas à espera e as expetativas, que já iam altas, sobem mais um pouco ao ver todo o ambiente criado para receber mais um serão da Madame Liz Bonne. 20h30, pontualidade britânica. "Venus" aparece a dar-nos as boas vindas e anuncia que a Madame está um pouco atrasada. A sala fica em suspense, não fosse o corpete e o vestuário burlesco a denunciá-la, até parecia um mero aviso, mas não, o show tinha começado...
O "Marialva" chega também à sala e admira-se de ver tanta gente. "Mas afinal o que faz esta gente aqui? Se é para trabalhar vamos lá dividir isto em equipas que tenho mais que fazer", Venus explica que todos nós somos os convidados da Madame e estamos ali para jantar. A Madame chega, foi fazer jogging às escadas rolantes das Amoreiras, afinal estamos em 1985 e isso é uma novidade em Lisboa. Entre piadas e galhofas onde todos nós fazemos parte da peça a Madame manda servir os preliminares, ou como quem diz os aperitivos. Comem-se ostras com yuzu e brinda-se com espumante mesmo antes de sermos levados pelas "Irmãs Carmencitas" às nossas mesas onde o resto do repasto e da peça nos é servida.
Durante cerca de três horas a Madame, o Marialva, a Venus e todo o restante elenco entretêm-nos com a história do Cabaret Maxime e do moderno que estava Lisboa com a abertura do Frágil. Havia que tomar rédeas e voltar a fazer do Maxime um show completo. Canções, representações, dança, sensualidade, sedução, ligas, corpetes, boás, deboche, magia, línguas afiadas e muito riso é o que Roger Mor, a mente por trás do show, nos apresenta.
Mas toda esta comédia, que é uma autêntica ode à revista portuguesa, não vem só. Enquanto assistimos sentados nas nossas mesas, uma deliciosa refeição feita pelo Chef Luca Bordino é servida. Nela somos contemplados por um fantástico creme de abóbora e queijo da ilha, um bacalhau confitado com couscous transmontanos, um entrecôte maturado guloso e para terminar, com a cereja no topo do bolo, uma sobremesa de chocolate e maracujá, tudo isto bem regado pelos vinhos Joya da Casa Santos Lima.
Um jantar imersivo com direito a uma peça de teatro, ou uma peça excitante com direito a um jantar. É um pouco ao gosto do freguês mas no final das contas, todos vão adorar a Madame Liz Bonne.
A peça está esgotada até ao final do ano mas retoma para segunda temporada já a 11 de Janeiro. É um espectáculo não recomendável a sisudos que não queiram estragar a sua reputação, pois a galhofa é certa. Os bilhetes estão à venda na recepção do Maxime Hotel, no nº 58 da Praça da Alegria ou na Ticketline e têm o valor unitário de 65€ mas apressem-se pois a lista de espera já é grande.