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Vinhos a não perder.

Estamos em novembro e caminha-se a largos passos para a altura do ano em que passamos mais tempo à mesa em família e união. São momentos complicados para todos nós mas que não devem deixar de ser partilhados e nos quais os bons vinhos não podem faltar. Partilhamos convosco aqueles que mais nos satisfizeram nos últimos tempos e que sem dúvidas também vos irão satisfazer.


Começamos no Dão, mais concretamente na Quinta dos Carvalhais. Algo irrepetível surgiu recentemente engarrafado em somente 2034 garrafas. A 15 outubro de 2017, um dos mais devastadores incêndios de que há memória chegou a Mangualde. Implacável, devorou campos, florestas, casas, sonhos, vidas... A Quinta dos Carvalhais não foi poupada e, em poucos minutos, hectares de vinha foram reduzidos a cinzas. Foi assim na parcela 45. Ali, as uvas tinham sido apanhadas dias antes, apressadas por um verão quente e seco, e foi desta derradeira colheita que nasceu Quinta dos Carvalhais Parcela 45 Tinto 2017. Um vinho que apresenta uma cor vermelha rubi de média intensidade. Um vinho com aroma delicado e fino. Ao nariz chegam notas florais, ligeira framboesa, nuances de fruta preta. Encontram-se ainda notas de pinheiro, sous-bois e cogumelos, num bouquet muito complexo. Na boca é elegante e suave, com uma frescura muito equilibrada, estando presentes todas as notas que encontramos no nariz e que perduram num final longo e persistente. Como todos os vinhos tintos do Dão têm uma vida em garrafa muito dilatado, apresentando-se em boas condições de consumo por um período que chega facilmente aos 10-15 anos. Com 13,5% de volume alcoólico, é um vinho que convida à mesa. Muito gastronómico, tanto aconselho a ser bebido a acompanhar um polvo à lagareiro, como um risoto de cogumelos, mas sempre em boa companhia.



Passemos ao Alentejo e aos vinhos "Flor de Sal". Esta marca surge associada à 5ª geração de vinhos Ervideira com uma essência e vontade de fazer alguma coisa diferente, irreverente e inovadora. O Flor de Sal nasce dos irmão Leal da Costa e da sua vontade de ganharem relevância no mercado, e de trazerem frescura a uma casa onde o tradicional sempre esteve muito presente. Dois irmãos de personalidades diferentes, que querem aprender mais, que querem produzir mais, que chegam à Ervideira com uma frescura imensa, aliando o clássico e premium da marca à inovação e modernidade desta dupla de irmãos. Nos seus lotes, o jogo entre castas nacionais com castas internacionais, revendo-se em perfis completamente distintos, mas sedutores. Flor de Sal tinto é um blend perfeito de Aragonez e Syrah acabando por ser a companhia ideal para um final de tarde e para noites entre amigos. Um vinho tinto jovem de cor intensa. Suave em início de boca, aromas a especiarias, chocolate e notas de ameixa. Aveludado, com taninos suaves e acides equilibrada, o Flor de Sal tinto dá-nos um final de boca complexo e intenso. No alto da sua leveza, os 15,5% de volume alcoólico estão bem presentes e apesar de ser um vinho fresco e jovem acompanha bem pratos de guisados e carnes de caça, bem como queijos de pasta mole e sabor intenso. O Flor de Sal branco é mais recomendado para acompanhar um almoço de fim-de-semana que se prolongue pela tarde dentro. Um vinho fresco, de perfil jovem e cor citrina. No nariz aromas de frutos tropicais e notas de mineralidade. No início de boca é suave, mas a sua acidez revela-se no final de boca, despertando a componente fruta e prolongando a sua degustação. Um casamento perfeito de Antão Vaz e Sémillon que com os seus 13% de volume alcoólico acompanha na perfeição pratos de peixe gordo, como o caso do salmão grelhado, ou no forno; bem como as nossas típicas sardinhas.


Já aqui falámos da MAINOVA, uma marca autêntica, inovadora, sustentável, que brinda ao futuro sem nunca esquecer a herança, tradições e verdades do passado. Conversas à parte vamos ao que interessa. Responsável pela elaboração dos vinhos, o enólogo António Maçanita, que desde 2008 não aceitava qualquer consultoria, explica que estes são vinhos muito diferentes daqueles que normalmente associamos a esta região. "Este é um Alentejo muito equilibrado, é um local bastante especial com vinha em formações de granito e xisto, o que resulta num vinho refletivo com uma abordagem muito pouco interventiva e respeito pela fruta. É um produtor novo e isso reflete-se numa grande liberdade de pensar, como podemos perceber pela escolha de algumas castas atípicas que garantem ao vinho boa acidez, estrutura e equilíbrio", explica o responsável pela Fita Preta e Azores Wine Company. O nosso destaque desta vez vai para o MAINOVA branco e para o Mainova tinto. Antão Vaz, Arinto e Verdelho são as castas que definem este branco que na boca ataca com bom volume e possui uma frescura impressionante, deixando um final de boca longo e persistente. Com apenas 12,5% de volume é um vinho leve que se deve beber fresco e que casa bem com saladas e mariscos. O tinto, composto por Alicante, Touriga Nacional e Baga tem uma cor leve rubi e surpreende com a sua leveza e redondo de boca, muito devido aos taninos arredondados que nos permitem degustar com naturalidade um vinho fácil de se beber e difícil de se esquecer. Com 14% de volume, a nossa prova casou-o com um bacalhau à Braz e não nos desiludiu.


Terminamos esta viagem em Estremoz com um fantástico e surpreendente Alvarinho da Howard's Folly. Sonhador Alvarinho 2013 é sem dúvida uma lufada de frescura, acidez e intensidade no que diz respeito aos Alvarinhos. 
100% Alvarinho de Melgaço, de cor intensa e robusta, com um envelhecimento de 5 anos feito em garrafa. Notas de lima, lichias e flor de sabugueiro. Cremoso e meloso no palato com um final de boca firme e onde se destaca toda a sua equilibrada acidez. Com 13% de volume alcoólico bebe-se bem por si ou a acompanhar pratos de peixe, queijos e carnes brancas.