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World Class 2019 - Conversas de Bar com Nelson de Matos.

O World Class já vai no seu 11º ano de competição, mas só desde 2015 é que os bartenders portugueses começaram a representar o nosso lindo País. José Maria Robertson do Cinco Lounge em Lisboa foi o nosso primeiro campeão, seguindo-se João Rodrigues em 2016 que na altura representava o Columbus em Faro. O Ano de 2017 trouxe um campeão do norte e calhou a Carlos Santiago, na altura head bartender do The Royal Cocktail Club, vestir a nossa camisola.


Em 2018, e na sua segunda participação na competição, Nélson de Matos, rapaz humilde e de pés bem assentes na terra, foi um dos seis finalistas do World Class Portugal, competição na qual acabou por se sagrar vencedor e onde representou Portugal na final global em Berlim no ano passado em Outubro. Autodidata, estudioso incansável da arte do bar, para Nelson é no contacto próximo com os clientes que o bartender mais se realiza, “criatividade, hospitalidade, humildade e algum arrojo” são características essenciais para o sucesso de um profissional do bar. “Ter a capacidade de transformar momentos em memórias, através da experiência no bar”, essa é a sua missão.

Trocámos umas palavras com ele sobre este momento, as quais temos o gosto de partilhar convosco.


- Olá Nelson, antes de mais o nosso obrigado pela tua disponibilidade. Queríamos começar por perguntar como é ser o vencedor de uma competição como a World Class?


É uma sensação fantástica mas também uma enorme responsabilidade. Sempre foi um dos meus objetivos de carreira ganhar uma competição internacional como a World Class Competition e ter o prazer de representar Portugal numa final global.

- Como vês as participações portuguesas nestas competições, face por exemplo aos restantes participantes europeus? O que achas que falta aos nossos bartenders/barmaids por exemplo para estarem num top 10?


Essa é uma pergunta complicada. Temos de estar orgulhosos de tudo o que temos feito nas finais globais. No que toca a talento não temos que nos sentir inferiores aos chamados "favoritos" mas arriscaria dizer que nos falta um pouco mais de preparação e informação mais detalhada sobre os desafios a superar.

- Na final Ibérica em Madrid de 2018 cumpriste 3 desafios, um guest, um speed-round e uma prova de criatividade onde espremeste da melhor maneira possível a laranja que tanto carateriza o Algarve. Qual foi para ti o desafio mais difícil de ultrapassar e porquê?


Foi sem dúvida o "single ingredient" mas também foi o que me deu mais gozo pela sua dificuldade. Escolher um ingrediente e torná-lo na estrela em três cocktails clássicos sem alterar o ADN do mesmo e sem repetir técnicas, ufa, deixem dizer que não é tarefa fácil.
Ao mesmo tempo tínhamos de explicar a inspiração e conhecimento científico sobre o mesmo. 
Eu escolhi a laranja do Algarve que felizmente é um ingrediente que me corre no sangue e deu asas para trabalhá-lo e explicá-lo com um todo à vontade e paixão.


- E na final mundial, qual dos desafios foi mais intenso e porquê?

Foi sem dúvida o "flavours of a nation". O desafio em si nem era muito difícil, mas estar a competir com mais nove países ao mesmo tempo com um barulho infernal, é realmente exigente porque requer o triplo da concentração e temos a adrenalina no máximo.

- Este ano serás um dos júris nacionais. Que dicas tens para dar aos finalistas portugueses e como é que estes se podem preparar da melhor maneira para te sucederem?

Acima de tudo estudar/treinar muito. Ter o conhecimento total do que estão a executar. Muita preparação mental para controlar os nervos (isto não é nada fácil), ler bem os regulamentos para evitar penalizações, fazer muito network, ser humilde e claro, nunca esquecer o consumo responsável.