Pages

Conversas sobre o Vinho - Micael Batista e Patricia Santos.

Falar da Quinta da Ramalhosa é falar sem dúvida de Micael Batista e de Patricia Santos. Micael é um jovem produtor de vinhos que cresceu com a Quinta, dando continuação ao legado do seu pai e avô. Com apenas 15 anos decidiu que era esta a vida que queria e aos 18 anos, em 2016, viu nascer o seu primeiro rebento que chegaria ao mercado como Quinta da Ramalhosa Field Blend tinto 2015.


Em 2017, ano em que a tragédia dos incêndios bateu à porta e assolou a família com a destruição do trabalho de uma vida, Micael conhece a enóloga Patrícia Santos, com quem desde logo teve sintonia, e com quem começou a trabalhar no início desse ano, na estruturação da empresa e da produção, tomando as rédeas de um projeto familiar que estava então a renascer das cinzas.


Patricia Santos nasceu e cresceu no Dão, em Canas de Senhorim, mas apesar da infância ter sido passada no campo, foi só depois de terminar o secundário que pensou que a enologia poderia ser uma boa opção de caminho a seguir, já que lhe permitia manter-se “livre”, perto do campo e da terra. Trabalhou em várias empresas até que veio a criar a sua própria de consultoria na área. Em 2016 arranca com o seu projeto de autor, Rosa da Mata, em homenagem à sua avó paterna. Pouco depois, em 2017, conhece Micael e o resto é o que se pode beber.


1 – Começamos pelo óbvio. Para vocês o que é ser um produtor de vinhos e um enólogo e qual a vossa principal função nos dias de hoje?

- Como enóloga, a função é fazer/criar vinhos que preencham na mesa e que transmitam o mesmo prazer de quem os faz a quem os bebe. Como produtor é continuar o legado deixado pelo peso da história familiar e transmitir essa importância na genética cultural.

2 – O que vos fez apaixonar por este vasto mundo dos vinhos?

Patricia - A paixão é a criação, é mais do que uma dedicação à Enologia, é amor no e pelo trabalho.
Micael - O mundo do vinho e tudo o que gira à sua volta é fascinante para mim, é um mundo misterioso, cativante e desafiante.


3 – Sempre quiseram seguir esta área, ou existe algum sonho de menino(a) que tenha ficado para trás em prol desta vasta indústria?

Micael - Nunca foi um sonho foi uma revelação que surgiu naturalmente com a vida e com o respeito pelo trabalho começado pelos meus avós, que senti como única opção dar continuidade.

4 –Dos vinhos que já produziram e criaram qual deles é que consideram a obra prima, e qual deles é que no vosso ponto de vista podia ter ido mais além? E dos vinhos que já provaram?

Patricia - Não consigo que nesta carreira e projeto ainda no início encontrar uma obra prima, a insatisfação constante leva a que a adrenalina de cada vindima me traga a insegurança suficiente para poder evoluir e criar mais e melhor a cada ano.
Micael - Existem vinhos ainda em espera (por lançar e em estágio de garrafa), que por agora me entusiasmam.



5 – Com tantas castas existentes não só em Portugal, mas também pelo mundo fora, qual a que melhor define o vosso trabalho e o vosso gosto pessoal?

- O projeto Quinta da Ramalhosa é um “tributo” à variabilidade de castas que existem no Dão, e é essa a nossa filosofia, blends da vinha que traduzam um caráter, do que é para nós, a grande região do Dão.

6 – Vamos às perguntas de resposta rápida:

- Qual o vosso vinho nacional favorito e com o que é que o acompanham?

- Madeiro Barbeito Verdelho 50 anos, com boa companhia.

- Qual o vosso vinho internacional favorito e com o que é que o acompanham?

- Vinho da Casta Riesling, Egon Muller Mosel, com idade em garrafa. Acompanham os nossos bons peixes grelhados.

- Qual a vossa região vínica nacional favorita e porquê?

- O Dão é a região que me fascina, porque é a minha casa, a vida que vivi e o projeto que quero construir. É um gostar que é intrínseco sem explicações fáceis de entender.


7 – Para terminar pedimos que nos digam o que difere os vinhos que produzem e criam, de outros da mesma região de produção.

- Como acreditamos no Terroir e respeitamos a essência de cada parcela, Vinha, solo e uva, o que nos diferencia é precisamente essa identidade e carácter traduzido pela uva que transformamos.