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Conversas Sem Filtro - Um Sá Pessoa no Cinema Português

Nunca fizemos uma entrevista neste blogue, mas há sempre uma primeira vez para tudo. Há muito que queríamos entrevistar alguém relacionado com as artes e cultura. Assim que surgiu a oportunidade, entrevistamos o nosso companheiro de viagem e amigo Nuno Sá Pessoa. Partilhamos convosco a amena conversa que tivémos com este encantador e único ser humano.


- Nuno, como começou a tua paixão pelo cinema?

NSP: A paixão pelo cinema vem desde sempre, primeiro enquanto espectador, e finalmente enquanto profissional quando decidi que esta era a área pela qual queria enveredar.

- Nos teus filmes abordas vários temas, tais como a política e a situação em que vivemos, são temas que merecem especial destaque e atenção?

NSP: Com certeza que sim, o cinema é um dos meios mais poderosos para chegar ao público em geral, felizmente eu tenho a oportunidade de exprimir aquilo que penso e acho relevante através dele, a situação do mundo e os males que assombram e corrompem a nossa sociedade são temas que acho muito importantes e pouco falados por uma comunicação social que está completamente controlada e alheia aos assuntos que são verdadeiramente cruciais para o presente e futuro da humanidade.

- Numa pesquisa que fizemos sobre ti, descobrimos que o cineasta Stanley Kubrick é a tua maior referência no cinema, porque esta escolha?

NSP: Stanley Kubrick era um génio, meticuloso em todos os aspectos dos seus filmes, desde a fotografía até à banda sonora.

- Em Portugal, se tivesse que te associar a um realizador, qual seria?

NSP: Tento não olhar a nacionalidades, se tivesse que associar-me a alguém gostaria que fosse uma pessoa profissional, bem formada, com amor ao que faz, com quem me identificasse a nível visual. a nível de narrativa, e com quem pudesse aprender e em conjunto criar algo bonito.

- Qual a tua visão sobre o momento atual do cinema português?

NSP: Atravessamos um momento muito interessante em que há uma nova vaga de realizadores que vem criando trabalhos muito interessantes com poucos meios, e que, quando tiverem mais meios e oportunidades, criarão obras de grande qualidade, sendo que essas oportunidades, creio, virão do estrangeiro.


- Qual é o feedback que costumas receber em Portugal?

NSP: O feedback costuma ser positivo, mas por vezes sinto que o público português em geral não exprime muito as suas opiniões, em outros países o público costuma interagir mais, boas ou más adoro ouvir todas as opiniões, porque os filmes são feitos para o público e, desde que sejam honestas, todas as opiniões são relevantes e importantes para me ajudarem a crescer e melhorar aquilo que faço.

- Exibiste recentemente a tua curta-metragem "Terra 2084" em Amesterdão, na qual tivemos a felicidade de estar presentes, como foi a experiência e que tipo de opiniões recebeste por parte do público local?

NSP: Foi fantástico, penso que foi a melhor exibição do filme em que eu estive presente, as pessoas adoraram desde o princípio até ao fim e ficaram incrédulas com o orçamento e condições que tivemos para realizar o filme, questionando-me, por mais que uma vez, como era possível que o estado português ou empresas privadas não investissem em projectos como este, no final da exibição muitas pessoas vieram falar comigo e com a restante equipa, posso dizer que fiquei muito orgulhoso e feliz com as opiniões que ouvi vindas de quem vieram, e que há uma forte possibilidade de novas portas se abrirem com vista a futuros projectos na Holanda.

- Há um ano João Craveiro recebeu o prémio de melhor actor do ano no Shortcutz Viseu, este ano Fernando Luís ganhou o prémio de melhor actor do ano no Shortcutz Lisboa, o que sentistes nestas duas ocasiões?

NSP: Foram dois momentos de grande felicidade, é muito gratificante quando reconhecem o nosso trabalho e ver os protagonistas de dois filmes que fizemos receberem o prémio para melhor actor enche-me de alegria, ambos merecem pelo seu esforço, dedicação e excelente trabalho. Só tenho a agradecer o facto de estar sempre rodeado de grandes profissionais e amigos em todos os projectos que fazemos.

- Se pudesses definir o teu trabalho em duas ou três palavras, quais seriam?

NSP: Único e diferente.

- Que projectos podemos esperar para o futuro? Vêm por aí novidades?

NSP: No mais imediato, estou neste momento a finalizar um guião que pretendo filmar brevemente, assim como um novo videoclip com os Tribal Baroque, mas os projectos são muitos e a ambição também!