Meca dos turistas, cada vez mais Lisboa começa a ser uma cidade de eleição não só pela sua luz do dia, mas também pelas suas festas de noite. Bons clubes, bons promotores, bons festivais, tudo direcionado à música eletrónica que de dia para dia conquista mais entusiastas. Mas há quem recorde os tempos de outrora, onde o underground reinava nas pistas de dança, onde as batidas frenéticas de um bom techno nos metiam a dançar do primeiro ao último minuto, onde tudo o que importava era a música, nada mais que a música. Esses tempos estão de volta.
"A Point é um projecto que quer voltar às raízes do underground, numa altura em que as pessoas estavam mais preocupadas em dançar e não ligavam a coisas como fotos, redes sociais, status, etc", avançam os responsáveis da novíssima Point, que se apresenta a Lisboa já no dia 7 de Outubro num prólogo que promete ter continuidade e surpreender os amantes do verdadeiro techno underground. "Ser tu próprio, respeitar o próximo e dançar como se ninguém estivesse a ver. Picar o ponto, a partir de 7 de Outubro, vai ser outra coisa." O prólogo escreve-se no nº108 da Avenida 24 de Julho.
Não se sabe quem está por trás deste projeto, pois eles próprios não se querem dar a conhecer, ao fim ao cabo, o que importa é mesmo a música, mas tivemos acesso a uma entrevista que vai desvendar algumas curiosidades.
- O que traz de novo a Point à cena electrónica portuguesa?
A Point é uma antítese de tudo o que se possa achar normal num evento. O objectivo passa por proporcionar um ponto de fuga, um refúgio a todos os que não se conformem com as regras que a sociedade nos impõe. Pedimos que venham como se sentirem mais confortáveis. Temos 3 pilares para quem participa na Point.: Serem elas próprias, respeitarem o próximo e dançar como se ninguém estivesse a ver. Convidamos as pessoas a que a partir do momento em que entrem pela porta, se desliguem totalmente do mundo exterior e que vivam o momento. Queremos criar uma sub-cultura onde todos sintam que fazem parte de algo.
No plano musical, vamos sempre apostar no techno mas abordando o lado mais abstracto e orgânico, tentando sempre construir um line up que pareça como se tivesse a ser contada uma história.
- Com que regularidade vamos ter Point?
O projecto Point está colocado num plano trimestral, onde nos dará tempo para planear os eventos ao mais ínfimo pormenor para nos proporcionar sempre uma experiência que fique marcada nas nossas mentes.
- A quem se destinam os encontros Point?
A Point destina-se a todos que tal como nós querem sair para se divertir e não por uma questão de status ou porque está na moda. Destina-se ao introvertido e ao extrovertido, ao "straight" e ao "queer", destina-se ao genuíno, aos que não se contentam com a banalidade ou trivialidade.
- O que esperam deste primeiro evento de lançamento?
Sobretudo expandir mentes. Achamos que Lisboa merece um evento deste género, e vai com certeza para alguns, definir um novo patamar para este tipo de eventos.
- A primeira festa da Point., chamada de prólogo, conta com Qwyatt, Luigi Tozzi, Edit Select e o famoso Takaaki Itoh. O porquê destas escolhas para o arranque?
O line up da Point foi escolhido tendo em conta a nossa premissa de apresentar algo diferente. A nível nacional, convidamos o Qwyatt tendo em conta a sua qualidade, potencial e o facto de ser um nome menos conhecido do público. Temos imenso talento nacional que permanece algo escondido à espera de serem revelados.
Quanto aos restantes artistas convidados, quisemos fazer uma abordagem ao techno numa perspectiva mais abstracta e introspectiva. Para isso escolhemos os artistas não só pela sua vasta discografia mas também pelo que representam. O Luigi Tozzi é uma fantástica escolha para nos transportar por paisagens enigmáticas e obscuras. O Edit Select já nos apresenta algo mais introspectivo e hipnótico. Takaaki Itoh será o nosso transporte para cenários mais dantescos e arrojados, com um estilo próprio que consegue colocar-nos sempre no fio da navalha. Pensamos que neste modo podemos oferecer a quem vier uma viagem com um encadeamento que irá sem dúvida nos proporcionar uma experiência única
- Querem adiantar já alguma coisa para a próxima festa?
O que podemos adiantar é que a Point. vai estar continuamente a desafiar-se para dar algo novo, portanto a próxima será natural que a fasquia seja aumentada.