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Ainda há Verão na Casa de Pasto

Recheada de produtos da época, a carta que ainda está em vigor na Casa de Pasto, traz até à mesa o melhor do Verão. Sardinhas, figos, tomates, cerejas, mirtilos, entre tantos outros, casam perfeitamente com as texturas e sabores criados pelo Chef Diogo Noronha. Mas não esperem por amanhã, pois já não há muito tempo para degustar esta carta sazonal.



Marcada pelas texturas leves que a estação impõe, a carta assinada pelo Chef Diogo Noronha é sinónimo de respeito, quer pelos ingredientes, quer pelos clientes, que fizeram deste um dos mais concorridos restaurantes do Cais do Sodré. Entre as novidades, destacam-se a torrada de bacalhau com iogurte grego, pimentos assados e alcaparras fritas; o creme de ervilhas com alface na brasa, muxama e figos; as sopas frias frutadas; a vichyssoise de milho doce com tomate assado e cerveja ou o caranguejo com melão e pepino, uvas congeladas, malagueta e pancetta ibérica. Mas os clientes assíduos podem ficar descansados, pois os “favoritos” da estação anterior, inevitavelmente, continuam presentes. A torrada de polvo com tomate e alho assado, os suculentos filetes de peixe galo, o arroz de lagostim, o jarrete de vitela meloso, as bochechas de porco, a perna de cabrito assada e o costeletão de vitela maronesa no braseiro. Mas até nestes é possível encontrar alguns rasgos de criatividade, porque quando a nós nos parece que o prato está perfeito, o Diogo mostra-nos que é possível ir mais longe. Para os gulosos, o carrinho das sobremesas é quem faz a festa, com a tarte de avelã, o pão-de-ló ou o denso de chocolate. E para quem não dispensa um bom cocktail, pelas mãos de Fernão Gonçalves e da sua equipa, surgem as mais inesperadas combinações no que diz respeito à mixologia. 


Fotografias de Nuno Correia

Com uma decoração revivalista e inspirada nas tradicionais casas de pasto lisboetas, dos finais do século XIX, este restaurante, instalado num primeiro andar na Rua de São Paulo, já é uma referência obrigatória para os gourmets que vagueiam pelo Cais do Sodré. Ao longo das várias salas que recriam um ambiente familiar, a Casa de Pasto é apontado por alguns críticos como o sítio onde finalmente o “retrochique faz sentido”. Faz-nos viajar para um ambiente de cavalheiros e damas, mas numa das mais boémias zonas da cidade, onde outrora marinheiros e meretrizes se amavam à hora. Isto apesar de haver surpresas improváveis como porcos voadores, uma instalação sonora do artista Leonel Moura na casa de banho ou galinhas que chiam penduradas por todo o lado. No rés do chão da Casa de Pasto ganhou vida uma "Vinharia", também inspirada nos antigos armazéns de vinho do século XIX. Encarado como elemento essencial para acompanhar uma boa refeição, a nova carta de vinhos aparece reforçada com alguns elixires de alta gama, como os tintos Vale Dona Maria e Quinta da Leda, o Quinta do Mouro ou o branco Xisto Crú. 



Quanto ao Chef Diogo, o seu vasto curriculum fala por si. Começou na música, trabalhou como promotor de eventos, licenciou-se em Comunicação Social e Digital Interactiva, chegando mesmo a estagiar nessa área, mas a paixão pela culinária chamou por si. Após uma longa viagem pelo Oriente onde abraçou um estilo de vida de meditação que o fez crescer pessoalmente e espiritualmente, decidiu seguir para Nova Iorque, onde estudou no "Natural Gourmet Institute for Health and Culinary Arts". Logo a seguir, entra para o "Pure Food and Wine", a referência mundial da dieta “Raw”, de onde sai quando foi selecionado pelo chef Thomas Keller, detentor de três estrelas Michelin no seu restaurante, para integrar a equipa do "Per Se”, símbolo máximo da Alta Gastronomia nova-iorquina. Depois desta aventura na "Big Apple" regressa à Europa para integrar a equipa do famoso restaurante Moo, em Barcelona, com uma estrela Michelin e assessorado pelos irmãos Roca, donos do "El Celler de Can Roca". Nunca satisfeito, e sempre em busca de conhecimento, abraça novo projeto no Alkimia, também distinguido com uma estrela Michelin, liderado por Jordi Villa, um dos mais talentosos chefes de Espanha. Em 2009 regressa a casa e revela toda a sua capacidade criativa no extinto (com muita pena nossa) restaurante "Pedro e o Lobo", do qual era sócio. Após este projeto, um dos mais trendy da capital, Diogo Noronha é convidado em 2013 pelo  grupo Mainside, cujas faces mais visíveis são a Lx Factory e a Pensão Amor, para criar um grupo de restauração. A Casa de Pasto foi o primeiro projeto a solo, e o segundo está a chegar.