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Arno Rafael Minkkinen – Facing the camera: 1970 to tomorrow

Arno Rafael Minkkinen é fotógrafo, professor, curador, escritor. Nasceu na capital da Finlândia mas vive nos Estados Unidos da América. Com cerca de 100 exposições a solo e 200 em grupo, tanto em galerias como em museus, é dos fotógrafos mais conceituados da atualidade, e dia 28, inaugura na Barbado Gallery, a primeira exposição individual em Portugal, com o título “ARNO RAFAEL MINKKINEN – Facing the camera: 1970 to tomorrow”. O título remete para o longo percurso artístico de Minkkinen e para a sua especial relação com a câmara.

©Arno Rafael Minkkinen/ Barbado

“Confio na máquina fotográfica para criar a imagem. Foi esse o grande salto criativo que dei naquela colina em Millerton, New York, quando fiz o meu primeiro auto-retrato. (...) Esta ideia de confiança é importante e intrigante. A máquina fotográfica é a minha colaboradora. Nesse sentido, eu não trabalho sozinho. (...) Mas quando comecei era essa a grande questão (...) - ela tem de ver algo, embora eu não veja o que ela vê. Em todo o caso, eu era o sujeito e a máquina era o fotógrafo.” Mas outra coisa era também certa: a máquina fotográfica via a preto e branco. Quando questionado numa entrevista da Life Magazine sobre essa preferência, respondeu: “não me fotografo a cores porque não quero parecer nu”. Na verdade, não obstante algumas experiências no início da carreira, Minkkinen nunca optou voluntariamente por fotografar a cores até agora. Assim, pela primeira vez na sua longa carreira, o artista apresenta ao público uma fotografia a cores. “Crossing the Equator” é nesse sentido uma imagem duplamente significativa na medida em que o próprio artista está também, através do uso deliberado da cor, a cruzar uma fronteira para um novo modo de expressão.

©Arno Rafael Minkkinen/ Barbado

Nas suas obras, a intemporalidade, a natureza e a nudez - nudez da pele e nudez dos elementos - são temas persistentes. E essa nudez é sempre a sua – o artista realiza sempre auto-retratos. Mas a simplicidade é apenas aparente. Na realidade o autor testa os limites do seu corpo, aceitando sujeitar-se aos riscos que a sua arte exige. Seja suportar 12 graus negativos, debruçar-se de um penhasco ou permanecer debaixo de água. “A arte é o risco tornado visível”, afirma. Minkkinen torna-se parte da paisagem ligando corpo e natureza das formas mais surreais: estica-se, multiplica-se, oculta-se, contorce-se, funde-se com o horizonte e com os limites da paisagem. Para o artista "não existe nem uma idade nem um tempo para a fotografia quando esta é apenas paisagem e corpo”.

©Arno Rafael Minkkinen/ Barbado

O artista atua para a câmara; o resultado final é o que a lente vê, sem retoque digital ou reordenação de qualquer tipo. O processo artístico de Minkkinen passa por ajustar a câmara e confiar no resultado final. Tem nove segundos para “entrar em cena” ou então usa um cabo disparador. Minkkinen faz tudo sem assistente e a escolha da paisagem não se prende pela sua notoriedade ou falta dela, mas apenas pelo gosto pessoal do artista. A sua obra, fruto genuíno e consistente de uma vida dedicada à estética fotográfica, é uma constante aventura e cada imagem é o retrato não do homem, mas da sua indomável vontade de ir mais longe e expandir os limites do género.

©Arno Rafael Minkkinen/ Barbado

A exposição estará patente até 30 de janeiro de 2016 e poderá visitar a mesma de terça a sábado, das 11h às 13h e das 14h às 20h. A entrada é gratuita.