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Vinhos a não perder

Se existem bebidas consensuais à maioria dos seres humanos, vinho é certamente uma delas. Goste-se muito ou goste-se pouco, é rara a pessoa que não gosta de um bom copo de vinho por dia, seja num momento de descontração sozinho, seja partilhado numa garrafa com um grupo de amigos. Ultimamente temos dedicado um pouco mais de tempo a este néctar de baco e partilhamos convosco o que temos andado a provar e que nos tem surpreendido.


Da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, no Douro, chega-nos um branco que é praticamente imbatível. Premiado com 94-96 pontos por Robert Parker (cuja pontuação final só sai em janeiro de 2017) falamos do Mirabilis 2015 Grande Reserva Branco, que tal como o nome transmite é "algo maravilhoso". Com uma cor única, brilhante e citrina. Com um aroma complexo e invulgar a frutos brancos de caroço, suportado pela mineralidade granítica, baunilha e cravinho. Com um paladar adocicado que perdura na nossa boca, feito a partir das castas viosinho, gouveio, vinha muito velha (80 anos) e com 14% de volume, é o acompanhamento ideal para pratos de peixe requintados, como o sushi. Um verdadeiro topo de gama dos vinhos brancos em Portugal.


Também da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, chega-nos este Grainha Reserva Branco 2015. Apresenta-se com elevada complexidade aromática e excelente acidez crocante. Bom equilíbrio entre o tostado das barricas novas de carvalho francês e húngaro, bem integrado nos aromas primários e tropicais, demonstrando uma boa e delicada estrutura e um final persistente. Também com 14% de volume e feito das castas gouveio, viosinho, rabigato e Fernão Pires, apresenta-se como um boa alternativa ao Mirabilis pois não sendo da mesma gama, acaba por ser também um vinho complexo mas mais acessível à carteira.



Do Douro para a costa Alentejana, apresentamos o Vicentino Sauvignon Blanc branco 2014. Na Zambujeira do Mar, onde as elevadas temperaturas alentejanas são atenuadas pelo Atlântico, a concentração típica da viticultura do interior é equilibrada pela frescura e humidade do mar, conduzindo a uma maturação ideal. As uvas amadurecem, assim, de forma lenta e equilibrada, com invernos frescos e húmidos, verões amenos e a constante presença dos ventos marítimos, criando vinhos onde a elegância se sobrepõe à robustez. Com notas frescas e aromas a pimentos padron, a leveza dos seus 12,5% de volume enganam e parece que se está a beber um refresco, mas cuidado não deixa de ser vinho.



Viajando até a Covela, descobrimos este Covela Reserva Tinto 2012. Ideal para pratos de carne vermelha, ou para cozinha típica portuguesa é mais que adequado para o almoço de dia 25 em família. Cor rubi escuro e intenso. Nariz expressivo e complexo. Com muita fruta Madura, flores secas, especiarias e baunilha muito bem integrada. Paladar com ataque de boca sedoso, elegante e muito equilibrado. Cheio de vida. Puro. Com grande capacidade para o envelhecimento. Feito com as castas touriga nacional com cabernet sauvignon e merlot noir e com 13,5% de volume, ganha o seu paladar caracteristico com os estágios que faz em barricas de cascos de carvalho francês (Allier e Vosges).



Terminando no Alentejo, não podíamos deixar de fazer referência a um tinto daquela região. A nossa opção vai para o Herdade das Servas Sem Barrica tinto 2015. Este “unoaked”, utilizando o termo inglês, é um tinto no seu estado mais puro, onde sobressai a tipicidade das vinhas da Herdade das Servas. Uma lufada de ar fresco para os vinhos alentejanos e seu legado na história vitivinícola do país. Sem madeira, o estágio decorreu durante seis meses em inox; depois de engarrafado repousou durante mais seis meses na cave da Herdade. A predominância da casta Alicante Bouschet (70%), aliada às castas Syrah e Touriga Franca (ambas 15% cada), dá corpo e volume a este vinho profundamente alentejano, que apresenta um enorme potencial de guarda, que poderá ir até aos 10 anos em perfeitas condições de consumo. Mas atenção, não se deixem enganar, o seu volume é de 15%.