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Conversas Sem Filtro - "Tilhas"? Tudo menos "tilhas"

Quem gosta de sneakers, ténis, sapatilhas, e tem conta no facebook, certamente já ouviu falar do "Sneakers love Portugal". Criado por 3 amigos, este grupo, salta pela primeira vez da rede social para um convívio que irá ter lugar já no dia 11 de julho, na taberna das almas, nos Anjos. Estivemos à conversa com eles para perceber o que trata este evento, e partilhamos agora convosco.


Mário Mesquita Borges nasceu em Macau, em 1973. Mestre em Ciências da Comunicação, trabalha no meio online há mais de dez anos. Online Project Manager na Media Capital Rádio e International Marketing Manager da loja germânica Allike Store é também fundador dos sites Cult Edge (parte da HB Network do Hypebeast) e MATÉRIA:ESTILO.

Pedro Lima nasceu no Porto em 1972. Licenciado em Publicidade pela Universidade Fernando Pessoa, trabalhou na SKA/TBWA, Young&Rubicam Portugal, BBDO Portugal, e é actualmente Senior Copywriter e Supervisor Criativo na MSTF Partners. Ao longo da sua carreira já trabalhou contas como a PT, Optimus, TMN, GALP, EDP, BES, Sagres e MEO. Um dos criativos mais premiados pelo Clube de Criativos de Portugal, já viu o seu trabalho distinguido em festivais como o New York Festival, Eurobest, Cannes e London International Awards.

Tiago Escada Ramos, 35 Anos, atualmente a terminar o curso de design moda da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. Sneaker connoisseur reconhecido internacionalmente pela sua coleção eclética, já colaborou como consultor com a Le Coq Sportif e com a revista Sneaker Freaker.



- Sneakers, Ténis, sapatilhas, qual o nome correto?

Pedro: Eu sou do Porto, vivo em Lisboa, mas ainda digo sapatilhas. Costumo dizer que calço tudo menos “tilhas” e “téni”.

Tiago: Sendo do Sul, será sempre ténis

Mário: Prefiro dizer sneakers, mas também digo muitas vezes “ténis”.

- Como surgiu a ideia de formar o “Sneakers Love Portugal”?

A ideia foi do Mário Borges…o intuito sempre foi o de formar uma comunidade que desse mais sentido e vigor à cultura sneaker no nosso país. Para além do sentido de comunidade de aficionados, o grupo surge também da necessidade de criar negócio em Portugal no sentido de fazer crescer a oferta qualitativa no que diz respeito aos sneakers. Queremos ser como um outro país qualquer, ter boas lojas, edições limitadas, tudo o que um verdadeiro aficionado tem direito.

- Já existem lojas especializadas em Portugal?

Existem lojas, mas não lojas especializadas no verdadeiro sentido da palavra, ou seja lojas destinadas a colecionadores fanáticos e apaixonados. Mas, é bom ver que já vão aparecendo alternativas boas, tanto em lojas de rua e de comércio tradicional como lojas de marcas como a Asics, NB, etc. No nosso grupo temos uma lista completa dessas lojas para quem quiser consultar… e fazemos um esforço por “puxar” pelo que é nosso. É bom ao mesmo porque muitas dessas lojas vão estar presentes no evento e isso vai dar mais dinâmica à causa. Acreditamos que com o tempo se irão tornar em grandes lojas como podemos encontrar em Londres, Paris ou Nova Iorque.

- Quando encontram aquele par especial, pensam duas vezes antes de comprar?

Por vezes nem se pensa, se é especial compra-se. Só depois penso se tinha dinheiro ou se eram mesmo especiais já no pé. Com o hype que as sapatilhas têm hoje em dia e com a saga dos resellers quando se gosta tem de se carregar rápido no gatilho ou montar a tenda cedo à porta das lojas... Mas, ao mesmo tempo, e com tantos modelos e lançamentos hoje em dia, muitas vezes temos que pensar em cada compra, devido a uma série de factores…

- Compram só um, ou pelo menos dois?

Normalmente só um par – os revendedores por vezes podem comprar mais, mas isso já é outra história…

- Consideram-se colecionadores, ou compram apenas para usar?

O Pedro e o Mário compram para usar, o Tiago é mesmo o colecionador convicto.

- Este vício ocupa uma fatia considerável do vosso orçamento, ou é algo sustentável?

Pedro: Cada um de nós usa calças diferentes e o tamanho do bolso varia também. Eu por exemplo para que o vício seja sustentável só compro roupa na Zara para que não se torne insustentável. Compro pelo menos um par por mês, dois eventualmente... Três quando saem num mesmo fim-de-semana Três pares daqueles que se não agarrar nunca vais calçá-los. Posso dar-me por contente por ter um dealer que me deixa pagar em prestações…

Tiago: É sustentável se assumires que não podes gastar mais do que tens, ou que também há outras prioridades.

Mário: É complicado, mas é uma questão de prioridades. É óbvio que não vou abdicar de certas coisas para conseguir comprar um bom drop, mas por vezes a vontade fala mais alto.

- Além de estarem associados ao desporto, Mais do que nunca as sapatilhas estão na moda. No panorama mundial acham que são apenas modas, ou esta indústria tem muito mais para dar e evoluir?

A partir do momento que o paradigma do que é considerado "formal" ou aceitável para trabalhares muda, a inclusão dos ténis no guarda-roupa das pessoas passa a ser obrigatório. A partir daí as marcas de sportswear/ready to wear incluem os ténis no seu catálogo de produtos. O calçado desportivo tem uma história de mais de 100 anos, e a verdade é que a evolução sempre foi no sentido de ser cada vez mais presente, mais transversal.

- Marcas, modelos, qual a preferência e porquê?

Pedro: Gosto de todas, mas as minhas “love Brands” mesmo são Asics, e New Balance. Estou a gostar muito da evolução e do investimento que a Adidas está a fazer em design, materiais e novas colaborações.

Tiago: Nike pela sua visão, New Balance pelo conforto e simplicidade...

Mário: Nike e New Balance, sem dúvida. A primeira pela transversalidade incrível que tem em termos de produto, a NB pela estética.

- Existem a nível mundial convenções de colecionadores e entusiastas, como é o caso do Sneaker Pimps, o vosso Trade Show baseia-se nestas convenções?

O nosso Trade Show é baseado em tantos outros que se fazem pelo mundo inteiro, mas adaptado à nossa realidade. O fenómeno está a crescer em Portugal, mas ainda não é grande o suficiente para fazermos um Trade Show à imagem do que se faz lá fora. E não quero dizer que é pior, antes pelo contrário, é tão bom ou melhor do que alguns que já existem. Simplesmente é português e é único.

- Se correr bem em Lisboa, pensam levar o Trade Show para outros pontos do país?

Vamos esperar que corra bem e que muita gente apareça. Está a ser um esforço pessoal muito forte para o Grupo… Se correr bem em Lisboa a ideia passa sempre por repetir e replicar no Porto por exemplo. Há muitos aficionados a norte e gostaríamos que partilhar a experiência com eles também.