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Conversas de Bar - World Class 2017

Carlos Santiago é um homem do norte e como homem do norte que se preze faz as coisas com alma e coração. Com formação em Comunicação Empresarial, a paixão que nutre pelo bar e pelo mundo dos destilados fez com que enveredasse por este caminho. 



Bartender desde 2011 já não é nenhum iniciado no que diz respeito a competições, sendo que em 2014 teve a sua estreia na Putting Pen to Shaker, chegando mesmo à final em Londres. No ano seguinte venceu o Cachaça 51 Challenge e o Barman do Ano, título que elevou o seu nome mais alto. Mais recentemente foi galardoado como vencedor do World Class Portugal 2017 e irá representar o nosso país na grande final mundial a realizar na Cidade do México. Rapaz humilde e sonhador, o seu objetivo é sempre vencer e divertir-se. Até agora tem conseguido e esperemos que o faça tanto na final, como no seu novo projeto que já dá que falar na cidade invicta, o The Royal Cocktail Club. 

- Olá Santiago, antes de mais o nosso obrigado pela tua disponibilidade. Queríamos começar por perguntar onde surgiu a ideia de participares na competição da World Class? 

CS - Participei pela primeira vez no World Class em 2015, numa altura em que ainda não estava preparado, mas era o primeiro ano da competição em Portugal e queria fazer parte dela. Foi uma experiência excelente para aprender. Este ano já me sentia preparado para o World Class e após ter vencido o Barman do Ano em 2015, esta era a prova em que queria mesmo participar, até porque esta é a prova na minha opinião com maior reputação em todo o mundo.

- Fazer cocktails para um menu ou cocktails de autor para uma competição não é o mesmo processo. Para ti em que é que se diferenciam e em que consiste cada uma das criações? 

CS - Na minha opinião, quando se cria cocktails para um menu, temos de pensar na viabilidade do serviço, temos de criar composições que sejam fáceis de reproduzir e que não perturbem o funcionamento do bar, com isto não quero dizer que os sabores não sejam complexos. Para uma competição já damos mais espaço à imaginação, à criatividade e elaboramos cocktails mais complexos e com apresentações mais extravagantes, tal como pudemos assistir na final do world class.

- Como consegues transpor as tuas ideias e conceitos para o copo?

CS - Tudo passa pela construção da ideia principal que quero para o cocktail, depois é como construir um puzzle, em que vamos encaixando as peças que vão dar origem à composição final. No meu caso, todos os meus cocktails nascem de uma inspiração relacionada com alguma coisa que me tocou de alguma forma. 



- Sabemos que em competição tudo tem o seu élan, conceito e história. Posto isto, como começou o processo de criação do Nahil e do Yatsil?

CS - Para a final eu quis fazer a ponte entre a minha cidade, o Porto, e o destino final da competição, o México. Daí ter utilizado Vinho do Porto e Tequila, nos dois cocktails, depois inspirei-me na cultura Maya para a atribuição dos nomes. No caso do cocktail de aperitivo o nome era Nahil e o digestivo Yatsil.

- Qual a história ou a mensagem por trás do mesmo?

CS - Nos dois caso o significado dos nomes dos cocktails deram origem à história por detrás dos dois. Nahil significa Mérito, então o cocktail foi uma homenagem a mim e aos meus companheiros, pelo facto de termos o mérito de estarmos na final. Yatsil significa Pessoa Amada e aqui a inspiração foi a minha namorada, pois é ela que está sempre do meu lado e me apoia durante todo o processo de criação.

- Sem ser o Don Julio Blanco e Reposado e não querendo desvendar nenhum segredo, quais os ingredientes chave que os tornam únicos?

CS - Sem dúvida que a bebida espirituosa que lhes dá corpo, (no meu caso nos dois cocktails) é a Tequila Don Julio Blanco e Reposado. Sem uma espirituosa com carácter como base de um cocktail, não conseguimos construir uma bebida equilibrada, felizmente a Diageo coloca à nossa disposição um portfólio fenomenal.



- Qual a tua motivação para participares neste desafio da “World Class”?, já participaste noutros desafios? Como tem sido o teu percurso de barman e como é que este influencia as tuas criações

CS - A motivação é sempre a mesma, ter novos desafios e crescer com eles, estar junto de outros profissionais, aprender com eles e superar-me de cada vez. No que diz respeito a outros desafios, venci a competição Barman do Ano em 2015, sendo estes dois os mais relevantes.

- Para terminar onde é que podemos provar esta e outras criações da tua autoria?

CS - Podem encontrar-me no The Royal Cocktail Club no Porto, na Rua da Fábrica nº105.