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Conversas Sem Filtro - Semear, ver crescer e colher os frutos

Miguel Ângelo Fernandes para muitos é um desconhecido, para outros é o conhecido "portas" dos mais emblemáticos locais noturnos de Lisboa, para nós é um dos responsáveis pelo festival mais cool e com mais boa onda da cidade. Tivemos recentemente a oportunidade de conversar com ele sobre a terceira edição do LISB-ON Jardim Sonoro. Fiquem a saber um pouco mais sobre este festival e o que podemos esperar da edição deste ano.


- Olá Miguel, antes de mais o nosso obrigado pela tua disponibilidade. Queríamos começar por perguntar o porque do Jardim Sonoro e como te surgiu a ideia deste festival?

MAF - Olá! Obrigado pelo convite! Chegar ao desenho final do LISB-ON foi percorrer um caminho com várias etapas que teve o seu inicio no convite de uns amigos para que juntássemos ideias e partilhássemos inputs. Materializar a vontade de fazermos uma festa de dois dias, que se revelasse como uma experiência que nos pudesse retratar, a nós e a cidade de Lisboa, à data de 2014, foi a etapa final.

- O que começou em 2014 como algo intimista, atingiu o ano passado grandes proporções, estavam à espera de uma adesão tão grande? Ou foi o cartaz que fez com que o festival estivesse lotado?

MAF - Sou da opinião que é impossível dissociar o cartaz, a comunicação e a experiência de 2014 como razões isoladas para o resultado de 2015. Acredito que entre outras, em conjunto, contribuíram para fazer do ultimo ano a primeira edição em que esgotámos nos dois dias. Não obstante, a reação ao cartaz do ano passado foi muito boa.

- Por falar em cartaz, o mesmo é bastante eclético e diversificado. Tal como vocês dizem o LISB-ON não é um festival disto ou daquilo, é sim um festival aberto à boa música. Como é que escolhem o line-up do mesmo e o que é que vos move para tais escolhas?

MAF - O alinhamento do LISB-ON é dos processos internos mais participados e com maior entusiasmo. Resulta sempre dos gostos musicais das cinco pessoas que formam a equipa, da ambição de trazer a Lisboa projetos que ou já foram, são ou serão referências. Ou porque representam algo de importante para a maneira como consumimos música hoje em dia. Acresce que na génese do LISB-ON existe uma crença que em Portugal há quem faça bem feito e com mérito para ir a palco. A ultima variável é a disponibilidade (por vezes reduzida) dos artistas e os valores (por vezes estratosféricos) que a procura empola. Claro que a música tem um papel central, mas é redutor pensar que o LISB-ON é “só” o cartaz.

- E quanto à localização, porque a escolha do Parque Eduardo VII?

MAF - É a demonstração cabal de que “há males que vêm por bem!”. Para falar disto tenho de revelar que não foi este o local desejado quando começámos a procurar sítios. A nossa escolha inicial, infelizmente (pensámos na altura) demonstrou-se inviável e empurrou-nos para a necessidade de encontrar outro espaço que fosse central, emblemático e com a envolvência adequada para um evento diurno. Foi desta busca que resultou descobrirmos aquele que se viria a revelar como o local que cumprisse as nossas premissas e afinal, francamente melhor que a nossa primeira intenção. E cada vez que lá voltamos, reconfirmamos!!


- No primeiro ano semearam as sementes, o ano passado regaram as mesmas e assistiram ao seu crescimento, este ano vão colher os frutos desse trabalho e nos anos seguintes, como será?

MAF - Se olharmos para as duas edições anteriores confirmamos que houve evolução. Mais ou menos como em tudo o que fazemos (na nossa vida pessoal), a cada experiencia amadurecemos, colocamos em perspectiva e aprendemos. Ao longo destes três anos, há uma coisa que ainda não mudou: a vontade de surpreender ao produzir um evento, que possa superar a expectativa de quem nos visita. É com essa ambição e a humildade para reconhecer as necessárias correções que em 2016 assumimos três dias de festa (Sexta, Sábado e Domingo) que queremos que sejam irrepreensíveis.

- Vamos às questões rápidas. Que artista é que te dá mais gozo ter presente no LISB-ON?

MAF - Este ano, sendo suspeito, assumo Mathew Herbert!

- Que artista gostarias de ter no festival mas ainda não houve oportunidade?

MAF - Floating Points (banda) e Ryuichi Sakamoto com o Alva Noto a apresentarem o próximo álbum!

- Que novidades podem esperar os festivaleiros além do dia extra este ano?

MAF - Este ano, são várias as novidades. Mudámos a entrada do recinto para o lado da ala central do Parque Eduardo VII, para assegurar melhores acessos a funcionar em permanência e desejavelmente sem congestionamentos. Teremos uma bilheteira a funcionar no recinto logo a partir de terça-feira (dia 06 de Setembro), para, tirando partido da centralidade do Marquês de Pombal, permitir comprar o bilhete ou trocar o passe de 3 dias pela pulseira, antecipadamente e assim evitar filas. Também para acelerar a entrada,  os portadores de bilhetes diários não necessitam de pulseira, podem dirigir-se diretamente para a porta. Assim dentro do recinto, utilizamos o sistema cashless nas duas vertentes possíveis, pulseira para portadores de passe e cartões para portadores de bilhetes diários. Reforçámos serviços em todas as frentes (estruturas de bar, carregamentos e staff nas diferentes secções). A oferta no food-court também será mais diversificada. E mais...  ...há mais, mas não posso revelar. Terão que descobrir no recinto!

- Qual ou quais são para ti os concertos ou Dj sets a não perder nesta edição?

MAF - Como “consumidor” todo o cartaz deste ano me apraz e por várias razões. A destacar, dos concertos, o regresso do Mathew Herbert ao universo da dança e com isso reviver ao vivo faixas que ouvi incessantemente há uns aninhos atrás. Escort, pela forma enérgica com que assumem cada atuação, Azymuth pela definição de funk com baixos gordos e groovys, Marcos Valle pelo que representa na Bossanova e claro que Jungle, são altamente destacáveis!! E Surma, porque mais tarde ou mais cedo muitos de nós ouviremos falar dela e confirmar que o que é nacional é bom! Imperdíveis também são os sets de Dixon, DJ Harvey, Tale of Us e o encerramento com Gerd Janson, (mesmo que desconhecido para alguns) porque acredito que venha a ser um momento alto da edição deste ano.