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O Dj responde - Twofold

Martim é Twofold, um produtor e Dj nascido em Londres que vive atualmente em Lisboa e que aposta fundamentalmente em sonoridades pouco convencionais. Inspirado por Dj’s e músicos como James Holden, Andrew Weatherall, Michael Mayer, Apparat, Luke Abbott, Nathan Fake ou Fairmont, as melodias hipnóticas dos primeiros discos de editoras como a Kompakt ou a Border Community foram o factor decisivo para regressar a Londres e formar-se em engenharia do som. Em Londres, teve a felicidade de partilhar a cabine com DJ’s como Mobilee’s Dan Curtin, Serge Santiago ou Timo Garcia. 



"Music addict" convicto, passa horas do seu dia à procura de novas sonoridades que o entusiasmem e que o levem a entusiasmar os outros. Esta busca incessante pela música já lhe permitiu atuar em festas e festivais como o Neopop, Festival Forte, BOOM FESTIVAL, Boiler Room, LX Music, RitterButzke in Berlin, e Vlla in Amsterdam. Fora isso é natural fazer presenças no Lux, Gare e Musicbox. Chegou agora a sua vez de se apresentar no Brunch Electronik Lisboa e de trocar umas palavras connosco. Nós perguntámos e o Dj respondeu.

- O que é para ti ser Dj e como defines essa palavra?

Para mim ser Dj, acima de tudo, é ser amante de música é uma pessoa que vive com uma obsessão quase doentia com a música, talvez fale por mim ou pelas pessoas que eu mais admiro e respeito mas eu acho que ser Dj não é só ir para uma cabine e acertar batidas, é passar horas e horas e horas do teu dia-a-dia a pesquisar música nova, a ouvir, a procurar, é teres fome é teres sede de qualquer coisa de novo, é não tocar, ou tentar não tocar, o que toda a gente está a tocar. É querer sempre qualquer coisa de novo. É isso basicamente. Temos a obrigação de divertir as pessoas, como é óbvio, mas para além disso eu acho que também podemos ajudar a mostrar um caminho novo, não é educar as pessoas mas é dizer “há este género, que é engraçado, mas também há este, este e este …”, é abrir horizontes.

- Qual a tua reação quando foste convidado a fazer parte do cartaz do Brunch Electronik Lisboa, o que achas deste conceito?

Posso ser sincero? Fiquei todo contente, parecia uma criança na Véspera de Natal. Fiquei contente porque acho que o conceito é muito muito muito giro. O espaço é incrível, as pessoas que estão aqui estão super descontraídas, estão contentes, estão bem dispostas, não é preciso tocar música agressiva, não é preciso tocar musica forte, as pessoas tem a abertura para receber música talvez um bocadinho diferente. Eu sou muito fã do conceito e fiquei mesmo muito contente.

- Tocar ao ar livre e de dia é muito diferente do que tocar à noite num Club. Qual a principal diferença e como preparaste o set que vais tocar hoje?

Passei muito tempo a ouvir música, especialmente tendo em conta que gosto muito da música do D' Julz, sou muito fã do D' Julz, mas toco uma linha um bocado diferente, acima de tudo gosto de gajos mais estranhos, venho muito da Border Comunity, do James Holden, de uma coisa um bocado mais eletrónica, então tive que, sem fugir a isso, adaptar-me a uma coisa um bocadinho mais aberta, um bocadinho mais divertida, menos introspectiva, mas mantendo os elementos de melodia e mais eletrónicos e, ao mesmo tempo, conseguir adaptar-me aos Apolónia e ao D' Julz que são bastante mais house e divertidos, então suei à séria. Fartei-me de ouvir música e ontem passei a noite quase em branco a pensar no que iria fazer. Até chegar cá estava um bocado na dúvida, tinha posto, não sei, 80 músicas de parte mas no fundo cheguei cá sem saber o que fazer e depois da Diana Oliveira tocar, que fez um set muito muito forte, quando cheguei à cabine, aí soube, mas até lá estava a suar em bica.

- Como é que achas que está o panorama da música eletrónica a nível mundial?

Há tanta tanta tanta coisa a acontecer na música eletrónica a nível mundial, as pessoas falam muito no EDM e na exposição que isso dá, as pessoas de repente já ouvem musica eletrónica. Eu, honestamente, vivo um bocado numa bolha, não faço a mais pequena ideia de quem são a maior parte dos produtores da moda, quando eu digo produtores da moda são aqueles como o Skrillex, o Aviici, e tal, os gajos grandalhões do EDM, não sei se mandei uma grande bacurada, não faço a mais pequena ideia de quem é que eles são, não sei qual é a musica deles, sei que tocam na rádio, tocam na MTV, tocam em todo o lado. Mas estou completamente a leste disso, eu vivo muito numa bolha de música eletrónica um bocado mais estranha, mais introspectiva, gosto muito de Kraut-rock, gosto muito de ir as origens e traçar uma linha dos anos 70, na Alemanha talvez, até hoje em dia e ver como é que tudo evoluiu, muito por influência do Michael Meyer, James Holden, gajos um bocadinho mais aventureiros no house e no techno que tocam, portanto acho que temos uma cena mundial muito saudável e acho que há espaço para toda a gente e dia após dia há mais pessoas interessadas na música eletrónica e mesmo que comecem no EDM mais cedo ou mais tarde cansam-se daquilo e vão querer procurar outra coisa, e talvez encontrem alguma coisa mais engraçada e com um bocadinho mais de nível, não sei.

- Imagina que te convidavam a fazer o line-up de uma das festas do Brunch Electronik Lisboa, quem escolherias e porque?

Epa tanta gente… isso é uma pergunta muito difícil. Obrigava o James Holden a ser Dj, já diz que se recusa, hoje em dia já tem um projeto onde toca como baterista, faz um live act e diz que nunca mais volta a tocar como Dj mas para mim é um dos meus Dj’s preferidos. Trazia também o Michael Mayer, talvez um live do Luke Abbott, e eu queria voltar a tocar por isso punha-me a mim a abrir ou falava com o SwitchSt(d)ance, que é muito meu amigo. Gostava também de ter a Sonja e a Mvaria a tocar. Era sem dúvida alguma o Michael Meyer e o James Holden, SwitchSt(d)ance, eu (talvez), a Sonja e a Mvria.