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Boa Bao - O sudeste asiático no Chiado

Um americano, uma holandesa e um belga vieram para Portugal e abriram um restaurante. Posto assim parece o início de uma boa anedota, mas de anedota tem pouco pois este restaurante está e vai continuar a dar que falar. Situado em Lisboa, no Largo Rafael Bordalo Pinheiro no Chiado, o Boa-Bao é apenas a casa de partida para uma viagem ao sudeste asiático. Por isso, sentem-se, apertem os cintos, coloquem-se confortáveis e preparem-se para embarcar nesta viagem que tem paragem garantida pelo Vietname, Laos, Indonésia, Cambodja, Malásia, Coreia, Japão, China e Tailândia. Boa viagem.


Mal entramos e sentimo-nos logo noutro local. O ambiente recriado em pedra, madeira e chapas de latão remetem-nos diretamente para os mercados de rua na Ásia. Decoração simples e minimalista, à entrada temos de um lado a barra do outro o bar, sendo que em qualquer um deles nos podemos sentar para comer. Segue-se a sala onde de um lado e de outro estão expostas as mesas, deixando um corredor aberto a meio que nos leva a um pátio interior, sitio ideal para fazer uma refeição naquelas noites que se esperam mais quentes. A cozinha é liderada por Chris Gielen, um chefe belga com larga experiência em cozinha asiática e todo o produto usado é genuíno e importado dos países de origem, pois só assim se mantêm a diferença e a qualidade.



A carta está sempre em movimento para manter a frescura e sazonalidade dos alimentos, mas isto não quer dizer que os pratos estão sempre a trocar, quer dizer apenas que durante um certo tempo, um ou outro prato poderá não estar disponível. As entradas (ou pratos pequenos) são o começo ideal para partilha, ou para quando vamos sozinhos e queremos apenas petiscar algo enquanto bebemos um cocktail refrescante de autor, elaborado por uma equipa que já tinha dado cartas noutro restaurante da cidade. É dos shakers de David, Diogo e Marta que saem maravilhas como o Old Thoughts à base de whisky ou o Cocooned à base de rum, entre muito outros. Mas voltemos às entradas. São 11 as escolhas possíveis, das quais destacamos sem dúvidas a chamuça vegetariana com chutney de coentros e hortelã, e as tostas de pão frito com camarão, porco e sésamo. Seguem-se os Gua Bao, aqueles pãezinhos cozidos a vapor, de origem asiática, recheados com os mais diferentes elementos vegetais e proteínas de diversas origens, guarnecidos com molhos que tornam esta comida numa autêntica iguaria gulosa, divertida e viciante. Destacamos o clássico de barriga de porco com hoisin e pickle de vegetais, cuja leveza é notável e sabor inesquecível.


As sopas são um dos ex-libris tanto da cozinha do sudeste asiático, como do Boa-Bao. Tom Yam Kung, copa picante de camarão; e a sopa de caril da Malásia com marisco e noodles, são duas bombas que temos mesmo de provar, mas atenção, vejam os sinais da carta, se tem malaguetas à frente, é porque pica. As saladas também estão presentes, não só porque são uma refeição leve, como acima de tudo são uma refeição rica em sabor e texturas. Rebentos de soja, erva príncipe, cogumelos, fruta, são apenas alguns elementos que as compõem. O nosso destaque vai para a salada de "vermicelle" com camarão tigre, porco e erva príncipe, onde as proteínas casam em harmonia e perfeição. Para palatos exigentes e apurados, os caris são obrigatórios. A genuinidade das especiarias, conferem ao caril um sabor único e uma intensidade bastante suportável, mesmo aos mais sensíveis a comida picante. O caril amarelo da Malásia, com frango ou tofu (temos a opção de escolha) é provavelmente dos pratos que mais nos surpreendeu, devidamente acompanhado por uma dose de "sticky rice", um arroz mais para o glutinoso e que é mais fácil de comer com os "hashi" (pauzinhos). Como acompanhamentos temos também uma diversidade de escolha, que variam entre três tipos de arroz e quatro tipos de vegetais.


Em cozinha asiática que se preze, o wok é um utensílio obrigatório. É nele que são cozinhados pratos como o pad thai de camarão, com noodles de arroz e rebentos de soja, ou o robalo ao vapor com lima, malagueta, couve pakchoy e alho, entre muitos outros. A maneira como o calor é difundido por toda a superfície do wok, faz com que este cozinhe diferentes alimentos a diferentes temperaturas, misturando todos na altura de servir. Para terminar em grande chegam as sobremesas. “Mochi” japonês, para algo mais típico, ou creme brûlée de coco com manjericão e erva príncipe, para algo mais arrojado são as nossas sugestões.


O Boa-Bao não é somente um restaurante, é um espaço de convívio. Aberto continuamente, todos os dias das 12h às 24h, (sendo que de quinta a sábado encerram meia hora mais tarde) permite-nos fazer uma refeição completa e cheia de novos sabores genuínos, ou simplesmente picar algo. A refeição média ronda os 25€ por pessoa já com bebida. Não fazem reserva, por isso a ideia é ir um pouco mais cedo ou ficar-se sujeito a uma espera, contudo vale mesmo a pena esperar por um lugar.