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O Rio é Bonito Pra C&%#lho

"O Rio é bonito pra caralho" é uma frase atribuída a Paulo Lins, autor da Cidade de Deus, que se pode ler na parede espelhada do Rio Maravilha. Mas não é só o Rio (de Janeiro) que é bonito, o Rio Maravilha não lhe fica nada atrás. Situado na antiga sala de convívio da Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense, no quarto piso da entrada 3 do LX Factory, este Gastrobar é sem dúvida a nova coqueluche de Lisboa, não só pela maravilhosa cozinha do Chef Diogo Noronha, não só pelo fantástico bar de Fernão Gonçalves, mas também pelo casamento perfeito entre cozinha e bar.



É nisso que consiste um Gastrobar. No casamento perfeito entre um bom cocktail a harmonizar um prato, ou um bom prato feito para petiscar enquanto se bebe "aquela" bebida, e no Rio Maravilha, isto acontece na perfeição. Mas vamos por partes. O espaço é amplo e aberto. A decoração é meio industrial, meio tropical e surpreendente acolhedora. Junto ao bar está uma mesa que é uma instalação de arte, mais perto da cozinha estão 3 mesas para grupos onde são projetadas imagens do Rio de Janeiro enquanto, comemos, bebemos, ou simplesmente conversamos com os nossos amigos, ou com quem também por lá esteja. A ideia de convívio é mesmo esta, comer, beber e conversar. Um pouco mais recatada é a zona de sofás com as amplas janelas de vista rio, onde num modo mais intimista podemos também usufruir de todas as Maravilhas que este Rio nos têm para dar. Mas, e onde se come? Pois bem, existe um espaço estilo loft onde podemos juntar numa mesa redonda o nosso grupo de amigos e, de um modo mais "privado" fazer ali a nossa refeição. Mas não só, existe também uma ampla sala de refeições cujas mesas são tabuleiros de jogos Majora, (sim, aqueles da nossa infância) onde antes, durante ou após a refeição, podemos pedir os peões e os dados para darmos uma jogatona e continuar o convívio. Como se já não houvesse salas suficientes, ainda existem dois terraços, um já funcional e comum à sala de refeições e zona lounge; e outro que deverá abrir quando o tempo aquecer e que certamente será o "best spot" da cidade para o típico lusco-fusco de Lisboa. 



Mas não é só de espaços que se faz uma casa, preparados para ficar com água na boca? Chegados à sala e sentados na nossa mesa a escolha não foi difícil. A ideia era provar um pouco de tudo e ver a tal simbiose da cozinha e do bar a trabalharem na perfeição. Da cozinha chegam-nos os crocantes de polenta e queijo (4,90€) e os corndogs de alheira de caça com molho de couve portuguesa (8,20€), ambos devidamente emparelhados por um gin fizz de framboesas com manjericão e espumante que o bar preparou. Comida simples e incrivelmente saborosa. Seguiram-se três pratos completamente distintos entre si, mas todos eles deliciosos. Umas simples asas de frango com molho romanesco (6,90€), cuja carne sai do osso com a maior das facilidades, e permite que se coma à mão; um roulade de cavala com puré de cenoura assada e molho piccata (9,50€), que faz sobressair o gosto a fumado que as cenouras deixam e que combina muito bem com a cavala; e por último uns cogumelos na brasa com folhagem da temporada, nata azeda e puré de castanha (13,70€), ou em bom português: um prato que deixa qualquer vegetariano com pé e meio no paraíso. Tudo isto devidamente acompanhado por mais duas propostas do bar, uma margarita de framboesas com petazetas a fazer o lugar do sal na borda do copo; e um whisky fizz de tangerina, lima kaffir e ginger ale, que parece um refresco de tão leve e suave que é no palato.



Mais uma rodada e mais dois pratos a caminho. Gambas na brasa, crocante e sagu de frango (15,90€) e uma incrível salada de lulas em juliana, com batata doce na brasa, cebola, rábanos e croutons (15,60€). Mas não, ainda não nos ficamos por aqui. Depois dos pratos para picar, vieram dois pratos mais confortantes, também eles ótimos para serem partilhados. O arroz cremoso de pato, cheróvias e alho negro (16,20€) que se ninguém nos dissesse nada, passava facilmente por um risotto e a soberba açorda de sapateira (13,90€), com o seu q.b. de picante para nos deixar as papilas gustativas em puro êxtase. Depois de termos pedido nove dos trinta pratos disponíveis (sim, são trinta pratos na carta), conseguimos vencer a gula e partir para as sobremesas. As escolhas mais uma vez partiram da cozinha e caíram sobre o chocolate 70% com alfarroba, sorbet de cacau e chá verde (7,80€) e a maça assada, amêndoa e gelado de baunilha de Madagáscar (7,10€). Claro que para acompanhar o bar não se deixou ficar para trás e acompanhou as sobremesas com um gin de infusão de chá de jasmim e especiarias.



Cozinha de autor da criatividade do Chef Diogo Noronha para conviver e partilhar. Com Diogo na cozinha e o Tejo como pano de fundo, a equipa compõe-se com o Chef pasteleiro Clayton Ferreira, autor do melhor duchesse de Lisboa e o Barman Fernão Gonçalves, mixologista com as criações mais irreverentes e inusitadas da nossa cidade. Aberto terça das 18h às 02h, de quarta a sábado das 12h30 às 02h e domingo das 12h30 às 18h, o Rio Maravilha é o sitio ideal para almoçar, lanchar, petiscar, jantar, ou somente trincar algo sempre que nos apetecer.